A Editora Objetiva divulgou uma nota oficial na qual questiona o resultado do Prêmio Jabuti deste ano, que foi anunciado na última quinta-feira (18) pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Assinada por Roberto Feith, diretor da editora, a nota diz que “fica evidente uma manipulação do resultado por parte de um dos jurados”.
O romance “Infâmia”, de Ana Maria Machado, publicado pela Objetiva, recebeu zero de um dos três jurados. O vencedor na categoria foi “Nihonjin” (Editora Saraiva), livro de estreia de Oscar Nakasato. Em segundo lugar, ficou “Naqueles morros, depois da chuva” (Hedra), de Edival Lourenço. Em terceiro, “O estranho no corredor” (Editora 34), de Chico Lopes.
Os três melhores colocados de cada categoria são contemplados com o Jabuti, e o vencedor recebe R$ 3,5 mil. Além disso, os ganhadores de cada categoria concorrem aos prêmios de livro de ficção e livro de não-ficção do ano, que serão anunciados em 28 de novembro. Só depois disso os jurados serão identificados.
Além de “Infâmia”, de Ana Maria Machado, também concorriam ao prêmio de melhor romance os livros “Mano, a noite está velha” (Editora Planeta), de Wilson Bueno, “Procura do romance” (Record), de Julián Fuks, “O passeador” (Rocco), de Luciana Hidalgo, “Habitante irreal” (Objetiva), de Paulo Scott, “Tapete de silêncio” (Global), de Menalton Braff, e “Herança de Maria” (Leya), de Domingos Pellegrini.
Confira abaixo a nota divulgada pela Editora Objetiva:
“A Editora Objetiva vem expressar sua perplexidade diante das informações divulgadas pela Câmara Brasileira do Livro a respeito da apuração do resultado do Prêmio Jabuti de 2012, categoria literatura.
Ao se confirmarem estas informações, fica evidente uma manipulação do resultado por parte de um dos jurados. Seu voto, em vez de refletir uma avaliação qualificada de cada uma das obras finalistas, pode evidenciar a determinação de eleger uma obra vencedora a qualquer custo, ainda que para isto fosse necessário apelar a uma série de notas zero para os demais finalistas.
Como editores do romance INFÂMIA de Ana Maria Machado, não podemos deixar de expressar nosso desconforto diante da informação de que no escrutínio final para a escolha do romance vencedor, INFÂMIA recebeu uma nota dez, uma nota nove e meio, e do jurado em questão, um zero.
Diante deste fato sem precedente nos 54 anos de existência do Jabuti, nos parece necessário esclarecer dois pontos:
1. quando o jurado em questão definiu o seu voto no último escrutínio, ele tinha conhecimento dos votos dos demais jurados para cada finalista nos escrutínios anteriores?
2. o jurado em questão atribuiu nota zero ao romance INFÂMIA em todas as rodadas de votação, ou apenas na última, para alcançar uma improvável e distorcida média matemática?
Esperamos que, no espírito de transparência que deve nortear o Prêmio, os organizadores esclareçam estas questões, o que permitiria um melhor entendimento sobre o resultado final.
E uma vez que o próprio curador do Prêmio afirmou que o jurado em questão ‘não era adequado ao prêmio’, esperamos também que doravante a seleção de jurados seja mais criteriosa, reduzindo o risco de posturas oportunistas.