“Lu-is Fa-bi-ano!!! Lu-is Fa-bi-ano!!!”
O grito dos enlouquecidos são-paulinos não vai ecoar no Morumbi na próxima semana. Mais uma vez, o atacante preferiu arrumar briga com argentinos a ajudar seus companheiros numa decisão de Sul-Americana. O filme de nove anos atrás se repetiu, embora o Fabuloso tenha repetido inúmeras vezes que estava mudado. Sua expulsão, com 13 minutos do primeiro tempo, após tentar dar um chute em Donatti, fez os torcedores se lembrarem da voadora nos jogadores do River Plate, pela semifinal do mesmo torneio em 2003.
Naquela ocasião, Luis Fabiano abriu mão de participar da decisão por pênaltis para se envolver numa patética briga no centro do gramado do Morumbi. Ele era o batedor oficial, e disse pouco depois que preferia defender os companheiros do que executar a cobrança. Dessa vez, tudo começou para defender Lucas, que estava sendo encarado por Donatti. Cabeça a cabeça. O jovem craque, de 20 anos, não se intimidou, mas não agrediu. O veterano, de 32 e uma Copa do Mundo nas costas, passou do limite. Deu um chute no adversário bem na frente do árbitro paraguaio Antonio Arias.
Donatti caiu mesmo sem ter sido atingido. Por isso também foi expulso. Com cara de choro, quase pedindo clemência e ciente de que todo seu passado voltará à tona, Luis Fabiano botou a camisa sobre a cabeça, insistiu, quase implorou para que o árbitro voltasse atrás. O mundo caiu em sua cabeça com as ensurdecedoras vaias da torcida argentina em sua saída do gramado.
O lance deixou o presidente Juvenal Juvêncio com cara de pouquíssimos amigos em sua tribuna. No intervalo, dois vice-presidentes do São Paulo – João Paulo de Jesus Lopes e o Carlos Augusto de Barros e Silva – disseram que a expulsão foi justa, e ao saberem do critério adotado pelo árbitro, elogiaram a decisão.
– Não há o que falar.
Ambos garantiram nem ter pensado na hipótese de punir o centroavante, ao menos por enquanto. Nem sua esposa absolveu a atitude. Ofendida por torcedores, Juliana postou no Twitter: “Podem me atacar o quanto quizerem!!Sinto o mesmo q vcs!! Estou Triste e Mto chateada!!Ele Errou!!Feio!!Avisei!!Tentei Acalmar!!Nao consegui!! (sic)”.
Em campo, antes de ser expulso, Luis Fabiano havia participado das duas melhores chances criadas pelo São Paulo. Na primeira, tabelou com Lucas, que bateu fraco. Na segunda, recebeu belo passe de Jadson, mas bateu em cima do goleiro Arbil. Na semifinal, ele já havia perdido uma chance incrível diante da Universidad Católica, no Morumbi. Depois disso, a bola passou por várias vezes na área do Tigre, mas…
– Se o Luis Fabiano estivesse ali… – comentou um dirigente no intervalo.
A pequena participação do atacante marcou seu quinto jogo na Copa Sul-Americana. Ele se machucou ainda no primeiro tempo da estreia contra o Bahia, em Pituaçu. Ficou quatro jogos fora, e voltou diante da Universidad de Chile, no Pacaembu, quando fez seu único gol no torneio. Essa é outra novidade. Ao contrário do que costuma ocorrer, Luis Fabiano não foi o artilheiro tricolor na competição. Está atrás, por enquanto, de Jadson e Rafael Toloi, que fizeram dois gols, e do goleador Willian José, com três.
O Fabuloso só voltará a entrar em campo agora em 2013, mas deverá ouvir poucas e boas de Ney Franco nos próximos dias. O técnico bateu insistentemente na tecla do equilíbrio emocional antes da decisão, e viu sua estratégia ir por terra com poucos minutos. Nas entrevistas, ele ressaltava a experiência internacional do atacante como um trunfo para o Tricolor. O próprio jogador também garantiu que não cairia mais em provocações. Agora, se os companheiros conseguirem consertar seu ato e saírem com o título, ele será apenas coadjuvante da equipe campeã.
(Foto: Foto: Marcelo Ferrelli / Gazeta Press)