Histórias da política local

Para planejarmos o futuro, nada melhor que um giro no passado, notadamente em nosso campo administrativo.  Volto aqui ao final da década de oitenta, quando se discutia quem seria o candidato à sucessão do então prefeito da época, Dr. José Callado Neto, que fizera uma grande administração (1983-1988).Logo ele teve um excelente mestre, o ex-prefeito e a mais expressiva liderança política de Água Branca: Joaquim Gomes Callado, seu saudoso pai.  Mas, em seu grupo político, não estava em jogo qual nome iria lhe suceder, mas quem seria o escolhido: Se seria seu vice, Joel Carlos, homem que detinha enorme popularidade, participava da administração de forma cautelosa, pois como era habilidoso em política, não dava murro  em ponta de faca, quando alguém lhe procurava para pedir uma famosa ajuda, mandava o “pepino” para o prefeito. Foi assim que, aos poucos, conquistou a simpatia do eleitorado de Água Branca, uma vez que já havia sido prefeito em outra ocasião e, para os moldes da época, fizera uma boa administração.

Por fora da disputa, corria o jovem vereador João Luiz Lopes de Sousa, o ZIto, que teve na Câmara e deixou sua marca, sendo dele o projeto de construção da nova sede do poder legislativo de Água Branca (Câmara Municipal). Mas, Callado Neto enfrentava muita resistência em seu grupo para tentar “implicar” Zito como candidato. Primeiro, por que não conseguiu levar a cabo seu compadre, José Pereira de Carvalho, Dico, que tinha sua confiança, mas não caio nogosto da população. Segundo, sabia que o melhor nome, o mais popular naquele momento era Joel Carlos, porém, Callado Neto começou a receber pressão dos correligionários e de alguns familiares de Joel, chegando até a ficar acuado, como se diz no popular. Próximo das convenções, porque naquela época o pleito era em 15 de novembro, em homenagem à Proclamação da República (15-11-1889), o vereador Zito já com certa desenvoltura, capacidade de articulação e iminência liderança, tinha percorrido,  visitado e convencido com seu plano de governo, mais da metade dos convencionais, bem como seu nome era constantemente divulgado na Rádio 1º de julho como parlamentar atuante.

A oposição da época era forte, pois tinha um ótimo candidato, o médico Dr. Zezinho, hoje, Dr. Pessoa vereador de Teresina.

Depois de muitas reuniões e entendimentos, Zito foi finalmente escolhido candidato do grupo liderado pelo prefeito Callado Neto, ficando o grupo de Joel Carlos como dissidente, tendo em vista que não aceitaram a indicação de Zito.

Colocado o bloco na Rua, (1988), Zito recebeu várias adesões ao longo da campanha, aliando a força jovem com a experiência de João Leite Benevides, que fora escolhido como seu vice.

Aberta as urnas, naquela época o voto já era secreto, porém, “cantado” ainda não existia a figura do voto eletrônico. Passados três dias de apuração, o resultado foi o seguinte: Zito em primeiro lugar, Dr. Zezinho em segundo e Joel Carlos em terceiro lugar; Dr. Siqueira em quarto e Getúlio,funcionário do BNB ficou em quinto lugar. A diferença de Zito para Dr. Zezinho, não foi esmagadora, mas foi considerável para o ano e para o eleitorado, porém, para Joel Carlos foi mais do triplo da maioria dada ao segundo colocado.

O modelo a ser seguido:

Ao assumir a prefeitura de Água Branca, Zito já demonstrara porque foi eleito e queria ser prefeito de Água Branca: anuncia a construção de novos calçamentos, acaba aos poucos com o clientelismo e o paternalismo; fortalece as instituições públicas; constrói um verdadeiro complexo educacional para a época, a escola Maria de Sousa, com salas de aula e uma quadra poliesportiva, ( essa que foi reconstruída e reinaugurada há poucos meses); já dava passos importantes para a saúde pública do município, tendo firmado parceria com Hospital Dirceu Arcoverde.

Em tempo Recorde, constrói e inaugura à maior e mais importante praça de eventos de Água Branca, a praça que hoje merecidamente leva o nome de seu saudoso pai, José Pereira Lopes; fez a primeira e mais importante reforma no prédio da prefeitura municipal, pois o gabinete remontava ainda os tempos de José Ferreira Soares; calçou ruas e avenidas da cidade, uma das principais foi ligando o conjunto Leocádio Melo ao Mercado público municipal, onde no inverno era lama e no verão era poeira.

Foi a partir desse momento que o povo de Água Branca, não só os que votaram em Zito, mas até a oposição elogiava o administrador, que saiu de poucos percentuais em pesquisas para ter quase a unanimidade da aceitação popular, graças ao crescimento da cidade, a urbanização em passos largos, a auto-estima do servidor, a confiança em seu gestor.

Isso fez, faz e fará um modelo de administração a ser seguido, um exemplo para aqueles que se propõem em administrar uma das cidades mais prósperas da região do Médio Parnaíba, que é Água Branca.

Quero deixar claro que esta matéria não tem o escopo de comparação do passado com o momento atual em nosso município, no tocante à sucessão de 2012, mas a história de uma administração que deve ser seguida e aperfeiçoada.

Quem ler esse artigo, antes de elogiar ou criticar o autor, Carlos Oliveira, procure Dr. Callado Neto, Prefeito Zito, Joel Carlos, Dr. Pessoa e procure saber suas opiniões sobre o que escrevi.