Folha de São Paulo – Microcefalia pode se espalhar pelo país, diz diretor do Ministério da Saúde

À frente das investigações no Ministério da Saúde sobre o aumento de casos no Nordeste de recém-nascidos com microcefalia -malformação do crânio que pode levar a sequelas-, o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis, Cláudio Maierovitch, afirma que “o cenário pode ser pior do que se imagina”. Para ele, a tendência é que o surto se espalhe pelo país caso se comprove a relação com o zika vírus, transmitido pelo mosquito da dengue. À Folha, Maierovitch diz que está em discussão o acompanhamento de gestantes com sintomas de zika. Segundo o governo, o vírus circula em 14 Estados -mas não há dados de quantas pessoas foram infectadas.
Folha – Em três meses, já são 400 casos de microcefalia. Como você avalia esse avanço?

Cláudio Maierovitch – Estamos bastante preocupados porque em Pernambuco já podemos caracterizar uma epidemia e em outros Estados do Nordeste há uma tendência ascendente. É muito preocupante, porque parece algo que não atingiu o auge. Deve afetar outros Estados? A epidemiologia é péssima para fazer previsões, mas temos uma infestação grande do mosquito no Brasil inteiro. Vimos que a velocidade de infestação do zika é muito rápida. Não imaginamos que o vírus vai parar depois de ter circulado tão intensamente. Ele se alastra com facilidade, assim como dengue. Zika é a principal hipótese?