Vereadora em Visita ao Parque de Vaquejada

A  Presidente Estadual do Partido Verde  e vereadora Teresa Britto flagrou nesta quarta-feira (4) a situação de extremos maus tratos vividos por animais no Parque de Exposições Dirceu Arcoverde, em Teresina. A informação é de que os bois e cavalos encontrados no local teriam sido usados em uma vaquejada no último domingo (1º). Um cavalo foi encontrado morto e um boi estava com uma pata quebrada. A vereadora encontrou ainda a cauda de um animal arrancada. A Secretaria de Desenvolvimento Rural, responsável pelo Parque, vai apurar o caso. 

“Eu recebi uma denúncia na Câmara e depois resolvi ir ao local. Filmei e fotografei a situação dos animais e lá nós soubemos que essas vaquejadas são rotineiras. Lá no Parque tem animais que quebraram as patas nessa competição. Um trabalhador tirou eles do sol, botou água e capim e filmou. No mesmo dia, no domingo [1º], soubemos que morreu um cavalo, que morreu sangrando pela boca, pelo nariz e pelo ouvido. Temos testemunhas, filmei e vou encaminhar tudo ao Ministério Público”, relatou a vereadora. 

Ela relatou que ficou no local das 14h às 18h do dia 04, registrando imagens dos animais, para reunir provas contra os maus tratos. Ela conta que flagrou um grupo fazendo o transporte de animais machucados, feridos e com fraturas nos membros. Nos vídeos e fotos, é possível ver dois animais com as patas dianteira direita e traseira esquerda quebradas. 

O Parque de Exposições é gerido pela Secretaria de Desenvolvimento Rural do governo do Estado, que cede o espaço para diversas entidades que realizam eventos, quando com autorização. Contudo, os bois e cavalos flagrados em situação de maus tratos não estão sob responsabilidade da secretaria.

O superintendente da SDR, Adalberto Pereira, destacou que vai cobrar providências e esclarecimentos das entidades que utilizam o espaço. Diversos parceiros firmaram termo de cooperação com a secretaria para ocupar o espaço, mas a realização de vaquejadas não foi autorizada. 

“Nós disponibilizamos o espaço, não cuidamos dos animais, não temos animais sob nossa responsabilidade. Inclusive ficamos surpresos quando soubemos da realização de vaquejadas lá, de animais sofrendo maus tratos, não demos autorização para a realização desses eventos. Vamos cobrar explicações e esclarecimentos sobre porque isso está acontecendo e de que forma esses eventos estão sendo realizados”, declarou. 

A médica veterinária e ativista em defesa dos animais, Roseli Klein, destacou que o veterinário e responsável técnico pela vaquejada deve ser identificado. 

“Eu vi as imagens e achei chocante, é terrível ver o animal que morreu ali, sofrendo. Cadê o veterinário, responsável técnico? Essas vaquejadas precisam de um responsável técnico”, questionou. 

Roseli comentou ainda a situação vivida pelos animais durante os eventos e questionou a questão tradicional envolvendo práticas como a vaquejada e o rodeio. 

“As pessoas nao querem abrir a cabeça pra ver que não pode ser assim. Essa tradição é cruel. Os animais não apenas sofrem dores física, mas também mentais. Além de as pessoas não se colocarem diante da sua própria espécie, imagine diante de outra espécie. A vaquejada, o rodeio e qualquer divertimento da sociedade com animais, temos que ser contra, os animais estão ali para ser abusados”, declarou. 

A médica destacou que muitas cidades brasileiros já proibiram a prática do rodeio, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, devido ao reconhecimento quanto aos maus tratos aos animais.

Atualmente, no Piauí, a prática é regulamentada pela Lei 6.265, de 2012, que “considera vaquejada todo evento de natureza competitiva, no qual uma dupla de vaqueiros, a cavalo, persegue animal bovino, objetivando dominá-lo”.

 “Infelizmente em alguns lugares ainda não se separa a figura do vaqueiro, como trabalho e o entretenimento maléfico para a sociedade”, disse a médica. 

A vereadora disse que tem recebido mensagens ofensivas em defesa da prática da vaquejada e que pretende apresentar um projeto na Câmara Municipal de Teresina proibindo a prática. 

“As pessoas estão mandando mensagens dizendo que é normal arrancar a cauda dos animais, é normal eles se machucarem, quebrarem as patas. Isso não pode ser natural, são maus tratos e muita crueldade”, disse. 

Teresa Britto vai formalizar denúncia sobre a situação e vai cobrar providências sobre os animais.