A redução da taxa básica de juros e a queda da inflação ao longo 2016 ajudaram a indústria a obter um resultado positivo na produção de janeiro de 2017, na comparação com janeiro de 2016. A avaliação é do gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo. Ele aponta o desemprego como o principal obstáculo para a recuperação.
“Um mercado de trabalho mais restrito e uma renda em patamares mais baixos são fatores que afetam o comportamento do consumo e da produção”, disse. Também contribuiu a favor de janeiro na comparação interanual o fato de 2017 ter começado com 22 dias úteis, dois a mais que janeiro de 2016.
Divulgada hoje (8), a Pesquisa Industrial Mensal aponta um crescimento de 1,4% em relação a janeiro do ano passado. Contudo, se analisada a comparação com dezembro de 2016, houve queda de 0,1%.
“A indústria ainda opera em um patamar muito abaixo de períodos anteriores, mas o movimento de quedas em seqüência, observado desde 2015, não vem ocorrendo nos últimos meses”, diz Macedo. Ele aponta que uma mudança de comportamento da produção pode ser percebida nos indicadores de tendência como, por exemplo, a média móvel trimestral.
Números explicam melhora da economia
A média trimestral da variação da produção subiu de 0,5% em dezembro, novembro e outubro de 2016 para 0,9% em janeiro, dezembro e novembro.
O gerente da pesquisa pondera que, na comparação com dezembro, 12 dos 24 setores analisados e metade das categorias econômicas ainda apresentaram queda em janeiro. Alguns deles, como a indústria automobílistica, voltaram a cair depois de resultados positivos nos meses anteriores.
Frente a janeiro do ano passado, no entanto, o resultado positivo foi “disseminado”, atingindo todas as categorias econômicas (bens de capital, intermediários e de consumo) e a maior parte das atividades industriais.
A principal queda na comparação com o primeiro mês de 2016 foi no setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com recuo de 11,1% puxado pela redução na produção de óleo díesel. Já a principal influência positiva veio das indústrias extrativas, que cresceram 12,5%, impulsionadas por minério de ferro, óleos brutos de petróleo e gás natural.