Erivan Felix já está há mais de 80 dias internado no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) após ter sofrido um acidente com motocicleta. Natural da cidade de Campo Maior-PI, ele é mais uma vítima da violência no trânsito. Por conta do acidente, Erivan teve um traumatismo craniano grave e necessitou realizar uma amputação transtibial (abaixo do joelho) da perna esquerda.
Segundo sua tia e acompanhante, Maria do Socorro Pereira, Erivan não estava usando capacete na hora do acidente. “Se ele tivesse de capacete teria feito muita diferença, pois o traumatismo que ele teve na cabeça foi muito grave. Ele passou 22 dias internado na UTI. Depois disso veio pra clínica ortopédica continuar o tratamento da perna que por conta da gravidade da lesão teve que ser amputada”, disse a tia.
O ortopedista e gerente médico da clínica ortopédica, Osvaldo Mendes, explica o caso do Erivan. “Ele teve uma fratura exposta de grau três. Além do comprometimento ósseo teve também lesão das partes moles como vasos, nervos, pele e musculatura. Às vezes a laceração é tão grande que é impossível corrigir e a única saída é a amputação do membro”, explica o médico.
Somente este ano, o HUT já realizou 45 amputações de membros de pacientes vítimas de acidentes com motocicletas. Em 2016 foram 65 amputações. Os acidentes com motocicletas representam 83% do total registrado e permanecem como primeiro motivo de procura com 5.903 atendimentos.
Segundo Gilberto Albuquerque, diretor geral do HUT, os acidentes de trânsito já se tornaram um problema de saúde pública e atualmente representam 21,3% do atendimento geral do hospital.
“Depois que adotamos o novo fluxo na rede de saúde de Teresina o HUT passou a atender uma média de quatro mil pessoas por mês. Somente este ano já realizamos 7.123 atendimentos de pessoas vítimas de acidentes de trânsito. Esse número é bastante significativo e requer uma atenção especial dos próprios motoristas que insistem em não obedecer as leis de trânsito”, explicou o diretor.
Além do acompanhamento das equipes de trauma os pacientes que necessitam realizar amputação também recebem suporte psicológico. A psicóloga do HUT, Joseline Sousa, disse que quando um paciente recebe o diagnóstico da amputação a psicologia inicia o acolhimento e avalia se o mesmo tem consciência da gravidade do caso. “O medo é a primeira reação, pois a insegurança diante do que pode acontecer depois da amputação é muito forte. Se o medo não for trabalhado ele pode desencadear pensamentos negativos o que torna o processo de aceitação ainda mais difícil. Assim, trabalhamos esses medos e após a cirurgia começamos a preparar o paciente para reabilitação social”, finaliza.