Acostumadas com lucros altos, escolas particulares tem 70% de inadimplência no Piauí

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Piauí, Marcelo Siqueira, afirmou que escolas particulares de Teresina podem fechar as portas e decretar falência nos próximos meses por conta dos impactos causados pela pandemia da Covid-19. Segundo ele, grande parte das escolas já começou a recorrer a empréstimos, como forma de tentar sobreviver até o final do ano. A tendência é que muitas anunciem o encerramento das atividades a partir de 2021. 

Os principais fatores que potencializam a crise no setor dizem respeito ao desconto nas mensalidades, que se tornou obrigatório após a aprovação de uma lei na Assembleia Legislativa, o alto índice de inadimplência e os altos custos para adaptar a estrutura física para voltar a receber alunos presencialmente. 

“É muito complicado. A gente ainda está meio perdido. Acredito que essa situação vai inviabilizar o funcionamento de algumas escolas. Nós temos um protocolo de retorno que é caro, inadimplência alta, muitos cancelamentos de matrícula e as folhas de pagamento mantidas. Essa conta não fecha”, avalia o presidente do Sinepe. 

Apesar dos descontos na mensalidade, que podem chegar a 30%, o índice de inadimplência na rede particular de ensino ainda é considerado elevado e preocupa os proprietários de escolas. “A inadimplência chega a até 70% dentro do mês, um índice elevadíssimo”, destaca Marcelo Siqueira. 

Ainda de acordo com o presidente do sindicato que representa a categoria, a maioria das Escolas da capital já realizou as adaptações exigidas para as atividades presenciais, mesmo sem uma data definida para o retorno. 

As escolas também estão realizando consultas junto aos pais de alunos para sondar a opinião sobre o retorno presencial. De acordo com Marcelo Siqueira, a maioria tem se posicionado contra a volta das atividades.  “Os pais ainda estão com muito medo dessa situação”, pontua. 

Apesar das adaptações, as aulas remotas devem continuar sendo ofertadas aos alunos que os pais não estiverem confortáveis com a volta de atividades presenciais. 

Ano letivo
 

Nesta quarta-feira(19), o presidente Jair Bolsonaro sancionou a norma que dispensa escolas e universidades do cumprimento do mínimo de 200 dias letivos anuais previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação do Brasil. Na rede particular de ensino de Teresina, de acordo com o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Ensino, a redução não vai ser necessária. Segundo ele, já há uma regulamentação para garantir que aulas remotas também contem como parte do ano letivo, sem prejuízos na aplicação dos conteúdos planejados. 

“As escolas particulares vão cumprir os 200 dias letivos, com certeza.  Grande parte dos dias, vão ser cumpridos de maneira remota”, explica. 

(*)) Natanael Souza, Cidade Verde