Wellington Dias faz show pirotécnico para distribuir viaturas adquiridas com recursos do Governo Federal

Muitos lugares do mundo conseguem avançar nas suas relações entre o poder e a população. Mais respeito, mais dignidade, transparência, informações verdadeiras. Menos propaganda, menos autopromoção governamental.

Nesta quarta-feira tivemos, no Piauí, mais uma demonstração de como o estado segue andando na contramão da história. O governador Wellington Dias (PT), indiferente aos números da insegurança pública reinante, reúne deputados federais, grande número de políticos, prefeitos aliados e uma imprensa amestrada, para anunciar a entrega de viaturas policiais.

Seriam equipamentos adquiridos com recursos de emendas parlamentares. Os deputados Júlio César Lima, Fábio Abreu (derrotado recentemente na disputa pela prefeitura de Teresina), Flávio Nogueira e Rejane Dias aparecem para confirmar. Sim, foram emendas parlamentares.

São 43 viaturas. As imagens mostradas na televisão, repletas de uma pirotecnia cinematográfica, fazem parecer 10 vezes mais. Ou 100 vezes mais. Tudo para tentar dizer à sociedade piauiense, e teresinense, principalmente, por conta das eleições de domingo, na qual apoia um candidato a prefeito na capital, que estaria trabalhando pela segurança.

Mas todos sabem que isso não procede. Teresina, e o Piauí, se transformaram numa terra de ninguém. Os assaltantes de bancos fazem galhofa das autoridades de segurança. Roubam — e o produto do roubo nunca é recuperado, mesmo que alguns bandidos sejam mortos com claros indícios de estarem desarmados na hora do suposto confronto.

O governador não diz, nem a imprensa repete. Mas a maior parte dos recursos vem do Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). É um convênio com o governo federal, de Jair Bolsonaro.

As viaturas são do tipo caminhonete, cabine dupla, a diesel, adaptadas com equipamentos necessários à atividade policial. Dos 43 veículos, 33 serão destinadas à PM e 10 à Polícia Civil. O valor do investimento é de R$ 6,6 milhões. 

Ao todo, os 75 carros custaram R$ 10,7 milhões, com uma contrapartida de R$ 140,7 mil do Governo do Estado — uma contrapartida insignificante em se considerando a necessidade que o estado tem, atualmente, de investimentos na segurança.

Os bandidos estão levando a melhor. Inclusive aqueles elementos de ponta de rua, os chamados pirangueiros e outros mais, que investem contra a tranquilidade dos lares piauienses.

Exemplo: um carro branco circula em Teresina com cinco elementos armados a bordo. Eles estacionam diante de uma residência em que haja pessoas sentadas à calçada e logo anunciam o assalto.

Três deles seguem para dentro da residência, um fica rendendo as pessoas, outro fica na calçada para evitar qualquer surpresa de última hora, enquanto um outro fica na direção do veículo, para rapidamente partir.

Dois carregam os produtos roubados e colocam no bagageiro e onde mais for possível, toda a ação não dura mais que alguns minutos, então eles partem tranquilamente sem que nenhuma viatura apareça, nenhum policial venha combater tal crime.

Isso porque a imagem que se vê de tantas viaturas diante da Igreja de São Benedito, de tantos políticos reunidos em torno do fracasso da segurança pública do estado, tudo isso é a demonstração inequívoca de que vivenciamos um atraso permanente propiciado pelo governador e seus seguidores políticos. 

Por Toni Rodrigues
Foto: CCOM