“KD meu documento [do carro]”, diz Hélder Jacobina a pagador de propina, segundo MPF

Por Rômulo Rocha – Do Blog Bastidores

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– A proximidade parece materializada, ocorre que Hélder Jacobina e um condenado no âmbito da Operação Zelotes viriam a brigar, posteriormente. O que fez com que Halysson Carvalho Silva corresse para o MPF e Polícia Federal e dedurasse um dos homens fortes da Secretaria de Educação ao entregar o celular para extração de conversas. Entregou também o Tenente-Coronel Ronald e a poderosa “POLIX”, Pauliana Amorim

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Hélder Jacobina e a esposa, chamada de Dani, nas supostas tratativas de propina (Imagem: Divulgação)
_Hélder Jacobina e a esposa, chamada de “Dan” nas supostas tratativas de propina, segundo Ministério Público Federal (Imagem: Divulgação) 

OS DIÁLOGOS COMPROMETEDORES

Ainda do âmbito das investigações da Polícia Federal que culminou com uma das mais recentes denúncias do Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Topique, constam conversas comprometedoras entre o então homem forte da Secretaria de Educação Hélder Jacobina e um condenado (em 2016) em primeira instância no âmbito da Operação Zelotes, da PF, Halysson Carvalho Silva, que representava interesses de empresas que estavam de olho nos contratos de transporte escolar.

Trazem os relatos destacados pelo MPF:

“Em conversa do dia 18/12/2014, a partir de 22h19, Halysson mostra fotografias da S10 que seria entregue a Hélder Jacobina”.

“Pouco depois, nos primeiros minutos de 19/12/2014, Hélder Jacobina pergunta pelo documento do carro (“KD meu documento”, “Ei, vamos viajar”, “Amanhã”).

Segundo os procuradores da República, “em nenhum momento os interlocutores mencionam pagamento ou financiamento pela entrega do bem”.

“Em 21/12/2014, às 19h42, Halysson envia a Hélder uma fotografia do então novo modelo da caminhonete Hilux, da Toyota”.

“Hélder Jacobina responde que teria comentado sobre esse novo modelo do veículo com a sua esposa (“Pois é”, “Tava falando p Dan”)”.

“Halysson sugere a troca da S10 pelo novo modelo de Hilux (“Trocar depois a s”, “Nesta”, “Sua sogra”)”.

“Helder Jacobina concorda (“Melhor”, “Verdade”, “Segundo Semestre”)”.

Segundo os procuradores da República, “em nenhum momento os interlocutores mencionam pagamento ou financiamento pela S10”.

Ex-diretor da Fundac Halysson Carvalho  (Imagem: Divulgação)om.br/brasil/condenado-na-zelotes-tem-vinculos-politicos-e-mais-pendencias-na-justica/
_Ex-diretor da Fundac Halysson Carvalho  (Imagem: Divulgação)

A COISA DESANDA E ELES ROMPEM

Segundo o MPF, “após um diálogo algo ríspido, do dia 04/02/2015, em que os interlocutores parecem discutir propostas de negócios escusos no Governo do Estado do Piauí, Hélder Jacobina, em 05/02/2015, escreveu para Halysson, às 15h08: ‘Rpz, acordei hoje pensando em te entregar a s10’”.

Halysson responde: “Você que sabe”, “Mas acho que vc está se precipitando e mostrando mais uma vez que realmente não confia em mim”.

Segundo os procuradores da República, “nenhuma palavra ou financiamento da S10″.

O que faz o MPF concluir que “claramente a devolução do carro, que seria efetuada de Hélder para Halysson, é tratada em um contexto de quebra de confiança entre os interlocutores, em relação a ações aparentemente ilícitas na administração da SEDUC”.

“Por fim, quando o veículo é devolvido, a entrega do bem se dá de Helder para Halysson, em uma conversa em contexto de rompimento de relações, sem nenhuma menção a pagamento pelo veículo pelo primeiro ou seus familiares, havendo até mesmo mensagem de Halysson indicando que ele teria pedido o carro de volta para pagar dívida suas (diálogos de 30/03/2015)”.

A denúncia ofertada pela Justiça Federal sustenta que “Halysson Carvalho Silva e Stênio Dias de Negreiros Leite, de fato, ofereceram e entregaram o veículo com o intuito de obter vantagens para empresas que controlavam (Stênio), ou que representavam interesses (Halysson), em contratos futuros com a SEDUC – órgão estadual em que Hélder Jacobina, já sabia àquela altura, exerceria importantes funções de comando em janeiro de 2015”.

O ROMPIMENTO DE HALYSSON E A PROCURA PELO MPF

Naquele início de governo em 2015, segundo o MPF, “Halysson se desentendeu com Helder Jacobina e, infere-se, com as demais pessoas com poder de decisão na Administração Estadual. Assim, em maio de 2015, foi exonerado do cargo em comissão que ocupava no Governo do Estado”.

Segue: “Consta que, em 2016, Halysson Carvalho Silva foi condenado em primeira instância por crime de extorsão na Justiça Federal do Distrito Federal, no âmbito da denominada Operação Zelotes”. 

“No início de 2018, Halysson Carvalho Silva formulou representação escrita, com documentos, na Procuradoria da República do Estado do Piauí, em que narrava irregularidades praticadas pelo grupo que então controlava a SEDUC, notadamente pelos ora denunciados Hélder Sousa Jacobina e Pauliana Ribeiro de Amorim – e também pelo então Major Ronald, que exercia cargo em comissão naquela secretaria”.

Também segundo o MPF, “essa representação deu ensejo à requisição [de IPL]. Para corroborar os fatos apresentados na representação, além de depoimentos às autoridades policiais, Halysson Carvalho Silva entregou espontaneamente o seu aparelho de telefonia celular para perícia, sobretudo para comprovar a autenticidade de diálogos pelo aplicativo de mensagens WhatsApp entre ele e Hélder Sousa Jacobina, diálogos esses travados entre o final de 2014 e início de 2015”.