Está prevista para o próximo mês de dezembro, uma rodada de debates entre especialistas em biocombustíveis da Embrapa Agroenergia (Brasília), Embrapa Agroindústria Tropical (Ceará) e Embrapa Meio Norte (Piauí). Os pesquisadores discutirão sobre a viabilidade técnica e econômica da instalação de microdestilarias para a produção de etanol a partir de matérias-primas alternativas no contexto da agricultura familiar.
A iniciativa contempla o projeto do deputado federal Jesus Rodrigues (PT), autor do PL nº 2397/11, que tem por objetivo permitir que pequenos agricultores produzam e comercializem etanol para consumo local. No último dia 5 de novembro, o parlamentar esteve reunido com o chefe geral da Embrapa Meio Norte, Hoston Tomás do Nascimento, para tratar sobre os detalhes das reuniões técnicas, a serem realizadas em Brasília e Teresina, cada uma com três dias de duração.
A primeira será em Brasília, a fim de discutir estratégias, tecnologias disponíveis, onde existem experiências positivas, quais as matérias-primas mais promissoras em produtividade e valor energético. Posteriormente, em Teresina, será elaborado o plano de trabalho para colocar em prática as diretrizes acertadas na primeira reunião.
Dentre as pautas estão: matérias-primas a utilizar; métodos de multiplicação e cronograma para obtenção da matéria-prima em ponto de colheita; possibilidade de instalação de biofábricas para obtenção de mudas de batata-doce, mandioca, e outras matérias-primas; instalação de campos de observação das matérias-primas selecionadas junto às regiões com potencial de desenvolvimento no setor; dimensionamento das áreas mínimas para produção; estudo da necessidade de combustível (lenha, bagaço e outros resíduos) para o funcionamento da microdestilaria; dimensionamento da capacidade de produção de cada microdestilaria; e avaliação preliminar do investimento necessário.
Para o biólogo da área de transferência de tecnologia da Embrapa, Marcos Jacob de Almeida, a discussão é de extrema importância para viabilizar a produção de bioenergia a partir de várias fontes alternativas por parte do agricultor familiar. “Vai possibilitar que o pequeno produtor possa ser detentor desse tipo de empreendimento, que hoje está nas mãos dos grandes. Toda produção de energia está atrelada ao sistema nacional”, enfatiza.
Marcos Jacob explica, ainda, que não se trata de estabelecer concorrência, mas de compatibilizar a distribuição de combustíveis no país. “A proposta é cobrir esses locais onde não tenha ou onde é muito caro o fornecimento de combustível, como cidades longínquas e assentamentos. É caro para a própria matriz energética nacional quando se fala de custo por km percorrido. A produção das microdestilarias seria limitada a determinada quantidade, apenas para consumo local”, explica.
O biólogo ressalta que o foco do projeto não é só a produção de energia, mas o aproveitamento dos resíduos para alimentação animal, o que agrega valor ao pequeno produtor. A Embrapa avalia 23 variedades de batata-doce no Piauí quanto à produtividade por hectare e rentabilidade de biocombustível por tonelada.
Já está em andamento a instalação do projeto piloto de uma microdestilaria em Palmeira do Piauí, que conta com financiamento do Banco do Nordeste para começar a funcionar no primeiro semestre de 2013, produzindo 300 litros de etanol em 8 horas. “Não podemos deixar de dar essa oportunidade ao agricultor familiar. Nós queremos descentralizar esse capital”, afirma o deputado Jesus Rodrigues.