O ex-prefeito de Nossa Senhora dos Remédios, Ronaldo Lages, foi quem vazou o áudio de Ciro Nogueira, que acabou gerando uma imensa repercussão após o senador chamar o governador ‘para a briga’ caso ele não apoie sua candidatura ao Governo em 2022.
Ronaldo Lages diz que Ciro é igual mulher quando num gosta mais do marido, mas não quer separação para não dividir as coisas.
Confira a transcrição do áudio:
“Eu disse pra ele, esse pessoal fica querendo … O Ciro é igual mulher quando num gosta mais do marido e nem o marido da mulher, e não separam só para não dividir as coisas. Agora é o Ciro assumir a posição. Eu não fiz de intenção, ele sabe disso, que não mando áudio de ninguém, sou só amigo do Ciro há 30 anos, da gente conversar, não sou, e nem fiz isso de propósito, o Ciro sabe, que se não souber, problema dele, não fiz de propósito, minha consciência está tranquila. O Wellington Dias já sabia que o Ciro… Agora o Ciro tem que assumir as coisas, toda vez ele fica em cima do muro nessas politicazinhas ‘véa’ dele, nessas coisas dele, por isso que ele nunca foi governador. Porque é tão simples ele chegar pro Wellington e dizer que ele já foi governador quatro vezes e que tem vontade de ser, que é a vez e acabou. Ele não vai perder nada com isso, ele é senador, acho que é por ai. Eu não quero mais nem saber dessas conversas ‘véa’, no dia que mandarem áudio pra mim, falarem comigo, eu vou dizer: rapaz, vão pra lá com a conversa de vocês. O Júlio Arcoverde, eu sei que íntimo do Ciro é ele, não é eu não”PUBLICIDADE
Escute o áudio:
Ronaldo Lages é um velho conhecido da justiça e da polícia. O ex-prefeito responde pela morte de uma biomédica após causar um acidente na Zona Leste de Teresina. Ele também já foi preso por efetuar tiros no meio de uma festa na cidade em que foi gestor. Também se mete em várias polêmicas, a última deles foi participar de um esquema que culminou no impeachment do prefeito Manoel Lázaro, que não foi para a frente após decisão da justiça.
Sobre o vazamento do áudio
Vazou um áudio do senador Ciro Nogueira (PP) em que ele revela suas intenções para 2022, na disputa para o Governo do Estado, e escancara sua rivalidade com o governador Wellington Dias (PT), chamando o petista para a briga.
Não é de hoje que o mundo político sabe da rivalidade do senador, que garantiu a disputa do seu partido pelo Karnak em 2022, W. Dias apoiando ou não. Após consecutivas campanhas em que apoiou o PT para o Governo, Ciro se acha no direito de ocupar a vaga e não poupa esforços para obter a vitória, garantindo que o petista vai amargar uma derrota caso queira ‘brigar’.
Imitador talentoso
Ciro já negou que o áudio seja dele e até chamou de ‘fake news’ a divulgação. O senador tem que ficar atento, seu imitador beira a perfeição. O cara tem que ser muito bom para imitar com tanta maestria o jeito de falar tão peculiar do progressista.
Confira a seguir a transcrição do áudio na íntegra:
Eu vou fazer Ronaldo, mermão, não sei fazer nada pela metade.
Eu fiz a pesquisa agora, você sabe que eu nunca fui popular demais né, meu negócio mesmo é estrutura, eu estou disparado na frente, qualquer candidato do Wellington eu boto quatro por um.
Ainda tem mais um agora, que eu nunca imaginava isso, eu fiz a pesquisa para senador, botei três candidatos, a Margarete a Iracema e o Firmino, botei a Iracema, porque se eu não for candidato a governador, botasse o Firmino né, pro Governo, a Iracema e a Margarete ganham do Wellington por um ponto e o Firmino, com o meu apoio para o Senado, está a 15 pontos na frente do Wellington.
Não vou entrar para brincar não, se o Wellington quiser brigar, ele vai perder o Senado, eu te garanto também.
Escute o áudio:
Impopularidade x Estrutura
Ciro garante que não é muito bom de popularidade, mas que seu negócio é ‘estrutura’. Hoje seu partido agrega a maior quantidade de prefeitos do Piauí e ele prepara um verdadeiro exército para disputar as eleições de 2022. O senador deixa claro que sem seu apoio, W. Dias sofreria amargas derrotas.
Pesquisas do senador
O discurso de Ciro tenta mostrar que, se Wellington não apoiar o grupo Progressista, pode acabar perdendo sua vaga para o Senado e sua candidata ao governo, que pode ser Regina Sousa, também seria derrotada. Em pesquisa para o Senado, onde o petista deve concorrer, Iracema Portella e Margarete estariam tecnicamente empatadas com ele nas intenções de voto e Firmino com 15 pontos na frente.
Enquanto a discussão são as eleições municipais de 2020, Ciro mostra que não está de brincadeira e que seu foco é a disputa pelo Governo. Ano que vem ele vai até se licenciar do Senado para trabalhar pela eleição dos seus prefeitos e assim garantir votos para a eleição seguinte.
Prefeitos e deputados não querem rompimento
Após a grande repercussão de um áudio do senador Ciro Nogueira em que ele chama ‘para a briga’ o governador Wellington Dias, sobre apoio para sua candidatura ao Governo em 2022, prefeitos e deputados rejeitam o rompimento dos dois, pelo menos por enquanto.
Era natural que esse rompimento uma hora ou outra fosse acontecer, pois na cabeça de Ciro Nogueira, o Progressistas tem que ter candidato próprio ao Governo em 2022, e não ser apenas um apoiador do PT. O senador já garantiu que isso vai acontecer com apoio do partido de esquerda ou não.
Polarização inevitável
Prefeitos e deputados não querem a polarização, pois é mais confortável estar dos dois lados, sem precisar declarar apoio para um ou outro e assim obter benefícios.
O áudio vazado de Ciro apenas antecipa o inevitável. Ele cita pesquisa em que se coloca como governador e ganharia de qualquer candidato apoiado por Wellington Dias.
O senador diz que não tem popularidade, mas tem ‘estrutura’, já W. Dias tem a simpatia dos eleitores, prova disso são as duas últimas eleições em que venceu no primeiro turno. Na verdade prefeitos e deputados precisam dos dois para se garantirem no poder e uma separação seria bastante prejudicial.
Atritos nos municípios
Em 2020 os prefeitos do Progressistas vão precisar de Ciro e Wellington como garantia de um grande apoio em busca de votos. Mas os atritos começam a acontecer já no ano que vem.
Se em 2016 PT e PP marcharam juntos na maioria dos municípios do Piauí nas eleições municipais, em 2020 haverá disputa entre os dois partidos em diversas cidades.
Prefeito comenta rivalidade
O prefeito Dr José Joaquim (Progressistas), de Cabeceiras do Piauí, falou sobre a relação do PT e PP para as eleições de 2020 e como isso pode refletir em 2022.
“É muito cedo para falar, mas na nossa cidade por exemplo, estivemos juntos na última eleição com o grupo do governador, mas eles estão vindo para cima da gente. É uma situação complicada. É difícil estarem juntos. Vou estar onde o PP estiver. Mas essa relação com o outro grupo vejo que está desgastada, tudo indica que em 2022 vão estar separados”, afirmou o prefeito.
Fonte:180graus