Nesta terça-feira (3) a greve de motoristas e cobradores do sistema de transporte coletivo de Teresina completa 21 dias. Sem negociação com empresários do setor, os trabalhadores protestam nesta manhã na frente do Palácio da Cidade. Segurando cartazes com a frase “Já não tenho o que comer hoje, imagine amanhã”, eles cobram pagamento de salários e fim de demissões.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Empresas de Transportes Rodoviários do Piauí (Sintetro), Fernando Feijão, explica que objetivo da manifestação é pedir que o prefeito Firmino Filho (PSDB) intervenha na situação para que os trabalhadores e empresários entrem em negociação.
“São 21 dias de greve e até agora sem negociação, sem nada. A gente vive parado, na expectativa. Viemos pedir que a prefeitura intervenha”, disse Feijão. De acordo com o sindicato, mais de 300 trabalhadores já foram demitidos e a maioria que permanece nas empresas não está recebendo salário regularmente.
“A maioria dos demitidos teve que acionar a Justiça pra ver se consegue receber seus direitos. É uma situação preocupante”, lamenta. O Sintetro afirma que 100% da frota está parada e não há previsão de fim da greve.
Caso não consigam uma audiência com o prefeito Firmino hoje, os trabalhadores prometem realizar uma série de protestos.
Redução de 95% dos passageiros
O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Teresina (SETUT) informou ao Cidadeverde.com que a pandemia de Covid-19 resultou na queda de 95% no número de passageiros. De acordo com os empresários, o prazo da última convenção coletiva encerrou em janeiro de 2020 e, ao final deste período, não houve possibilidade de nova renegociação com os trabalhadores, dentro das possibilidades e das projeções econômicas para este ano.
O sistema passou a transportar apenas 5% da demanda, durante estes 50 dias até o momento, resultando em um impacto negativo que, segundo o SETUT, a arrecadação não cobre sequer os custos básicos, como o óleo diesel.
“Diante desta queda na arrecadação, o SETUT informou ao Sindicato dos Trabalhadores em Empresa de Transportes Rodoviários do Piauí (Sintetro-PI) que as empresas cumprirão o que rege à normativas concedidas pelo Governo para ajudar o setor patronal.
O SETUT reforça ainda que compreende o atual momento enfrentado pela classe laboral, mas não julga possível realizar acordos diante deste atual período de incertezas. As projeções econômicas nacionais para o setor de transportes, preveem queda próximo aos 50% na demanda. Portanto, as empresas reforçam que seguirão realizando o que está ao seu alcance e de acordo com a legislação vigente. Paulatinamente, serão revistos periodicamente o cenário do setor, e conforme os avanços ou decréscimos observados na economia, será discutido com o sindicato laboral o que ainda poderá ser feito para, juntos, tentar manter o sistema de transporte público ativo”, informou o SETUT.
Já a Superitendência Municipal de Trânsito (Strans) garante que está acompanhando as negociações entre o Setut e Sintetro e que tem contribuído dentro das normas de contrato, com o repasse do subsídio mensalmente acordado. A superintendência afirma que espera que haja um entendimento entre patrões e empregados para que retorne a operação do transporte público com os 30% constitucionais previstos em contrato.