O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), é um especialista em tirar proveito das ações dos outros. Foi assim com atos do governo federal em gestões anteriores, que ele chamava para si a paternidade. Está sendo assim agora com a taxa de manutenção de empregos no estado apontada pelo Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério da Economia.
Na verdade, ele age como cronista e, ao dar a notícia, faz parecer que sua administração tem alguma coisa a ver com isso. Mas, claro, isso não tem o menor fundamento. O governo Wellington Dias não contribui de modo algum para geração ou manutenção de empregos. Muito antes pelo contrário. Sua grande contribuição é para o desemprego – e ele age assim em várias frentes.
Seja com o abandono da estrutura do estado, seja com os altos impostos cobrados, seja ainda com o empreguismo desenfreado ou a farra de suplentes na Assembleia, para acomodar aliados e apaniguados e conformar a insaciável classe política piauiense.
Vamos entender
Os índices anotados pelo Caged e divulgados em rede nacional tratam sobre empregos no mês de julho. Os indicadores foram puxados principalmente pela construção civil, que gerou 826 vagas, e indústria, com 385 postos de trabalho ocupados. A agropecuária continuou contratando, gerando um saldo positivo de 86 vagas em julho.
Se dependesse do governo nada disso estaria acontecendo. A começar pelos altos impostos. Paga-se, no Piauí, a maior contribuição do país. Energia, água, circulação de mercadorias e serviços, tudo isso tem um valor a mais, em média, de 30% sobre o que é praticado nos outros estados.
O governador se pronuncia exaltando uma ação para a qual, de fato, não contribuiu e diz que isso foi impulsionado pelos R$ 200 milhões relativos ao 13° salário dos servidores e que foram pagos em 14 de agosto. Outra manifestação enganosa.
Grande falácia do governador
Se estes valores gerarem algum resultado isso vai acontecer apenas em setembro. Ou então outubro. Mas não. Na prática, a maioria dos servidores está utilizando o pagamento recebido para honrar compromissos. Sendo assim, esse dinheiro não está entrando no setor produtivo e sim no sistema financeiro. Ou seja, em prol dos bancos e financeiras, em sua maior parte.
Portanto, grande falácia do governador, que não sabe fazer outra coisa. O governo poderia contribuir para gerar empregos mantendo as estradas em condições de tráfego. Não é o que acontece. Nos últimos 4 anos foram obtidos recursos de R$ 2,6 bilhões em empréstimos, de acordo com Ministério da Economia, valores estes que, em grande parte, deveriam ser aplicados na melhoria das rodovias estaduais.
As estradas encontram-se em situação falimentar. Um quadro deplorável, lamentado por todos que se obrigam em trafegar por elas. A nota do estado foi rebaixada pela Secretaria do Tesouro Nacional porque os recursos de empréstimos não foram usados para melhorar a infraestrutura do estado. Não se sabe, na verdade, que destinação tiveram tais recursos. A “transparência” do governo não ajuda a encontrar respostas.
Água e saneamento sem investimento
Outro setor em que o governo poderia ajudar na geração de empregos seria no abastecimento de água e saneamento básico. Mas, qual nada. A Agespisa, empresa pública de abastecimento do estado, foi em parte privatizada. Isso, na capital. Enquanto isso, no interior, a maioria da população convive com a precariedade do abastecimento.
Empresas entendem que esses itens – estradas, energia e água – são fundamentais para a consolidação de seus negócios num determinado lugar. O Piauí tem sido um dos últimos estados para se investir exatamente por conta da completa ausência de investimentos. Energia não faz parte da gestão do estado. Mas é o Executivo do desenvolvimento e teria obrigação de captar investimentos junto ao governo federal. Mas ele, Wellington Dias, não faz isso.
Seu grande negócio frente ao governo é colocar pessoas na folha de pagamento e conquistar cada vez mais apoio político com uso de recursos do erário. Enquanto isso, a grande maioria da população se ressente da falta de oportunidade. Só ele não admite porque admitir seria confessar, dando pontapé inicial para o seu degredo político. Mas não se pode enganar a todos por todo o tempo. Certamente que não.
Por Toni Rodrigues