Últimas notícias sobre os eventos sobrenaturais que supostamente acometem o trecho 343 desta cidade.
José Vitor Fontinele
Recanto do Monte é uma pacata cidade situada ao norte do Piauí e que
guarda um mistério envolta dos trágicos acontecimentos que ocorrem na BR de sua saída para a cidade mais próxima. A BR mais parece um cemitério, com cruzes durante quase todo o seu percurso, marcando os lugares onde ocorreram as mortes, contudo não é essa a questão a ser tratada, e sim o fato de o trecho estimular tantas mortes que leva a óbito um número assustador de pessoas. Você pode até pensar que talvez seja um trecho cheio de buracos e com curvas sinuosas, mas não, o asfalto é um verdadeiro tapete e retilíneo por mais de um quilômetro de distância. Então, o que justifica ocorrerem tantas mortes. Caro leitor, nem mesmo eu tenho uma única explicação que esclareça todos esses acontecimentos, mas pode-se usar a lógica para aqueles que querem uma explicação racional como ponto de partida por meio de alguns relatos como o do senhor Antônio Assunção, sessenta e dois anos, habitante da cidade: Certa noite, meu filho estava indo visitar sua namorada em Ribeirinha, quando chegou na BR, disse ter sentido uma mudança repentina no tempo, do nada ficou tão frio que o fez reduzir a velocidade da moto e, por um momento, pensou em voltar. Alguns minutos depois, disse que começou a surgir um nevoeiro por entre as cruzes e foi tomando conta de toda a estrada, dificultando sua visão. Até então, não tinha nenhum sinal de fluxo de veículos quando, de repente, um clarão a sua frente vai propagando-se pelo nevoeiro e ficando cada vez mais intenso e, ao pensar que não, acorda no hospital sem saber como foi parar ali. Teresa do Rosário, quarenta anos, habitante da cidade: Meu marido faleceu na BR há um ano, quase todo fim de semana, às seis da tarde, ele ia à Ribeirinha levar os bolinhos que eu fazia para vender nos comércios. Ele vivia reclamando do mau tempo naquele trecho e de sempre sentir receio. Ele dizia que lhe dava um alivio quando saía dali. Na volta para casa, já de noite, recebi uma ligação, pedindo que eu fosse ao hospital reconhecer o meu marido que, infelizmente veio a óbito. Sinto muito sua falta. Iríamos nos mudar ano que vem para Ribeirinha, pois facilitaria muito nossa venda de bolinhos. João Serafino, habitante da cidade, agricultor, sessenta e oito anos: Um dia desses tava eu voltando da roça já denoitinha, aí desci da bicicleta pra passar a BR, quando de repente veio um clarão pra cima deu e bateu na minha bicicleta. Parecia coisa do ôto mundo, me benzi e fui embora.