Os pesquisadores da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, continuam contribuindo com novas descobertas para combater o Coronavírus. O Grupo de Química Quântica Computacional e Planejamento de Fármacos da UESPI, sob coordenação do professor Dr. Francisco das Chagas Alves Lima, identificou compostos na planta Jaborandi com possível capacidade de inibir o agente causador da Covid-19.
O estudo In Slico foi publicado, nesta terça-feira (12), na revista Molecular Simulation, do Reino Unido. Com a obtenção de docagem e dinâmica molecular, além da predição, através de simulação em computadores, foi possível detectar que as moléculas Epiisopiloturina (EPR), Epiisopilosina (EPS), Isopilosina (IPS) e Pilosina (PS), encontradas na Pilocarpus microphyllus Stapf ex Wardleworth — popularmente conhecida no Brasil como Jaborandi — apresentam uma grande capacidade de interação com a enzima Mpro, considerada uma protease que constitui o vírus da Covid-19.
De acordo com o professor Francisco Lima, mais seis moléculas também foram testadas. Devido ao impacto do trabalho, nesta tarde, ele foi convidado para palestrar no Seminário Virtual Internacional sobre a Covid-19 nos dias 18 e 19 de Maio. “O Jaborandi é uma planta muito conhecida e utilizada, por exemplo, para Glaucoma. Percebemos que algumas moléculas do Jaborandi têm grupos funcionais parecidos com moléculas da fruta do Buriti. Foi após isso que resolvemos fazer o estudo in slico para saber se essas moléculas tinham potencial para inibir a Covid-19. Felizmente obtivemos excelentes resultados, mas que precisam prosseguir para os testes In Vitro (laboratoriais) e In Vivo (cobaias)”, explica o professor de Química.
O trabalho é fruto do doutorado do aluno Ézio Sá, no Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Federal do Piauí (UFPI), sob orientação do professor Francisco Lima. Também participaram do estudo o egresso da UESPI, Allan Costa; os professores do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) e Instituto Federal do Piauí (IFPI), Janilson Souza e Ricardo Ramos, respectivamente, além da discente de Iniciação Científica da UESPI, Rayla Magalhães.
Rayla Magalhães é aluna do 8° período de Química da UESPI. Ela foi a responsável por identificar predições de absorção e distribuição. “Essa é uma fase considerada de extrema importância na triagem de novas drogas para reduzir o tempo de síntese e testes em animais no prosseguimento dos estudos”, afirma.
Para ela, poder fazer parte de um Grupo de Pesquisa que procura uma cura para a doença é uma experiência incrível. “Enquanto mulher, acredito que minha participação reforça que nós podemos estar em todos os âmbitos da sociedade, inclusive na Ciência”, disse a estudante, que começou sua trajetória na instituição como aluna de Iniciação Científica e atualmente foi aprovada nos Mestrados da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RIO).