Cidade de Salvador marca presença no SXSW 2024 com exaltação à cultura negra

O SXSW (South by Southwest), maior festival de inovação e tecnologia do mundo, em Austin, Texas (EUA), recebeu nesta quinta-feira (14) o painel “Salvador: Capital Afro e o Poder do Turismo da Diáspora”, que apresentou a capital baiana como o centro das raízes africanas no Brasil e falou da importância de valorizar essa cultura.

No palco do festival estiveram Isabel Aquino Ribeiro, que está à frente do projeto Salvador Capital Afro, e Antonio Pita, cofundador e COO da Diaspora.Black, uma startup focada em promover o afroturismo.

 

 

Experiências de racismo sofridas na própria pele levaram Antonio Pita a fundar a empresa em 2016, e que hoje já tem presença em 15 países.

“A ideia é usar o turismo para conectar a diáspora africana, quando a população negra foi dispersa em vários pontos do mundo por causa do processo de escravização. Em cada um desses lugares, ela pode se fortalecer, construir uma raiz e tradições marcantes que são atrativos em vários países: em todo o Caribe, a Colômbia, os próprios Estados Unidos”, explica Pita.

Salvador já é uma cidade em que o turismo tem um papel muito importante. Somente em 2023, foram quase 9 milhões de turistas, que geraram uma receita de mais de R$ 13 bilhões. Mas a maior fatia ainda é de brasileiros.

Para Antonio, estar no SXSW ajuda a projetar a cidade no cenário internacional. Ele acredita que isso deve ser feito valorizando a própria cultura.

“Tem uma grande expectativa em torno do futuro, da inteligência artificial, desse futuro distópico, mas também tem muitas discussões falando sobre olhar para o lado humano, a tecnologia é só uma ferramenta. E aí a gente traz essa urgência de conectar com as comunidades das quais a gente faz parte, desse sentimento de pertencimento, dos valores que conectam as pessoas. A tecnologia permite que esses valores se fortaleçam”, afirmou.

Antonio também ressaltou a importância de trazer a capital baiana para um festival como SXSW. “É muito importante a gente reconhecer que existe inovação e criatividade fora dos centros. É um marcador de que, às vezes, a inovação está dentro de casa, a gente só precisa ver com outro olhar. Inovar e mudar o nosso ponto de vista sobre aquela riqueza que a gente já tem. E o Brasil é craque nisso, né? A gente tem uma potência de economia criativa imensa. E não é à toa que a gente está tão presente aqui no SXSW”, disse.

“Salvador estando aqui demonstra que tem potencial para construir e enxergar uma outra representação de futuro no Brasil, em que a população negra seja protagonista das decisões”, completou.