Em visita ao Aterro Sanitário de Teresina, os vereadores flagraram nesta terça-feira (1º de julho) catadores dividindo lixo com urubus e constataram falhas na segurança do local.
Onze vereadores estiveram no maior aterro sanitário do estado, no bairro Santo Antônio, zona Sul da capital, e admitiram que o poder público falhou ao se deparar com a situação degradante de pessoas em meio ao lixão. O local é proibido o acesso a catadores, crianças e adolescentes.
Os vereadores visitam o local uma semana após a morte do garoto David Kauan Silva da Costa, de 12 anos, que foi atropelado por um trator no Aterro Sanitário.
O presidente da Câmara de Teresina, Enzo Samuel, afirmou que a situação é grave e merece uma atenção de todas as autoridades por se tratar de uma questão social.
“Eu fico muito triste de ver a situação de pessoas dividindo o lixo com urubus, é como se a gente tivesse falhado. E analisando a questão da segurança, em uma área que tem cerca de 50 hectares, só tem seis vigias, menos do que os vigilantes da Câmara Municipal. Então, temos uma pré-conclusão de que a morte do menino David não foi algo acidental, foi negligência, uma omissão do poder público. E o que é mais triste, mas casos podem acontecer porque infelizmente a administração não tem esse controle de entrada e saída”, disse Enzo Samuel.
O local, que recebe 800 toneladas de lixo doméstico por dia é cheio de urubus, mau cheiro e totalmente insalubre.
O vereador Deolindo Moura (PT), relator da CPI do Lixo, disse que a visita foi para entender o funcionamento do aterro sanitário e como a comissão pode intervir.
O parlamentar João Pereira (PT), presidente da Comissão de Saúde, disse que ficou de “coração partido” e que medidas urgentes precisam ser adotadas. “Não podemos aceitar vê cenas como essas”, disse.
O vereador Roncallin (PRD) disse que fica sem palavras ao se deparar com tamanho flagelo. “Acho que a gente falhou e é preciso adotar providências o mais rápido possível”, disse Roncallin.
Proibir entrada de resíduos domésticos
Uma das medidas da prefeitura de Teresina é que a nova empresa contratada para a coleta de lixo não leve os resíduos domésticos para o Aterro Sanitário. A medida é para reduzir o número de catadores no local. O lixo das residências será levado para aterros privados.
Facção e violência
Durante a visita, os técnicos da prefeitura e da empresa Aurora Recicle informaram que os vigiantes armados e funcionários do aterro enfrentam ameaças de catadores e que alguns integram facções. Técnicos da prefeitura informaram que cerca de 190 catadores frequentam o aterro e já proporam várias alternativas, inclusive oferecer carteira assinada e eles não aceitam.
Desentendimento entre vereadores
O clima de desentendimento entre vereadores foi flagrado durante a visita ao Aterro Sanitário. O confronto foi de proposição, já que as técnicas explicavam o funcionamento do aterro e eram interrompidas pelos parlamentares. Deolindo Moura chegou a sugerir que as engenheiras dessem todas as explicações e os encaminhamentos fossem feitos na Câmara. O vereador João Pereira contestou falas preconceituosas contra os catadores e a parlamentar Samantha Cavalca (Progressistas) se irritou com a postura de “lição de moral” dada nas explicações de uma engenheira da empresa de lixo e pediu “respeito”.
Vereadores que visitaram o lixão:
Enzo Samuel (PDT)
Deolindo Moura (PT)
Carpejanne Gomes (Podemos)
Inácio Carvalho (PT)
João Pereira (PT)
Juca Alves (PRD)
Lucy Soares (MDB)
Pedro Alcântara (Progressistas)
Roncallin (PRD)
Samantha Cavalca (Progressistas)
Valdemir Virgino (PRD)
Fonte cidadeverede.com