Lula voltou a fazer críticas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde o fim de fevereiro. Para o presidente, a Câmara deve cassar o mandato dele em função da atuação nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras.
“Ele [Eduardo] não pode exercer o mandato dele [remotamente]. Eu já falei com o presidente Hugo Motta e outros deputados de que é extremamente necessário cassar o Eduardo Bolsonaro porque ele vai passar para a história como o maior traidor da história desse país”, disse.
“Aliás, um dos maiores traidores da pátria do mundo. Porque ele sai do Brasil, vai para os Estados Unidos denunciar o Brasil e ficar mentindo em relação ao Brasil. As acusações que o [Donald] Trump fez ao Brasil para fazer a taxação são todas inverídicas”, prosseguiu.
Eduardo enviou oficio ao presidente da Câmara nesta quinta (28) pedindo autorização para exercer o mandato no exterior. Em solo americano, ele tem afirmado que sofre perseguição política e jurídica no Brasil.
Reciprocidade
O presidente reafirmou que está aberto ao diálogo com o governo dos Estados Unidos, mas que, até o momento, não recebeu qualquer retorno de autoridades do país.
E que o processo de reciprocidade contra os Estados Unidos que está sendo iniciado é fruto de uma primeira tentativa de abertura desse diálogo.
“Isso é um processo um pouco demorado. Eu não tenho pressa de fazer a reciprocidade. Tomei a medida porque nós temos que andar o processo. Se você for tentar andar na forma que todas as leis exigem, você vai demorar um ano. Então temos que começar”, argumentou.
Nesta quinta-feira (28), o governo brasileiro iniciou o processo que pode levar à aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos pela aplicação de um tarifaço contra produtos brasileiros exportados para os americanos.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) enviou à Câmara de Comércio Exterior (Camex) um comunicado informando que o Brasil iniciou as consultas e medidas para aplicar a legislação contra os EUA. A Camex tem 30 dias para avaliar se é possível a aplicação da lei.
“Nós já entramos com um processo na Organização Mundial do Comércio. Nós temos que dizer aos Estados Unidos que nós também temos coisas a fazer contra os Estados Unidos. Mas eu não tenho pressa, porque eu quero negociar”, frisou Lula.
Ligação para Trump
Lula vem sendo pressionado pela ala política para ligar para o presidente norte-americano, Donald Trump, e discutir as sanções comerciais contra o Brasil.
No entanto, Lula reforçou que não ligou e que não acredita ser necessário, já que a equipe dele não conseguiu retorno do governo norte-americano nas tentativas de negociações anteriores.
“O que é importante o presidente americano compreender é que o Brasil tem uma constituição e legislação e que todas as empresas de qualquer nacionalidade que estejam implantadas no Brasil se submetem à legislação brasileira”, afirmou.
Nesse contexto, o petista reafirmou o objetivo de regular as “big techs” — como são chamadas as gigantes da tecnologia como Google, Apple, Facebook e Amazon. Em várias ocasiões, Trump disse que taxaria países que regulassem essas empresas.
“Nós vamos regular as big techs. Nós vamos regular porque queremos defender as nossas crianças e nossos adolescentes. O Congresso já fez uma parte que foi regular a questão dos adolescentes. Nós vamos fazer uma regulação, até semana que vem vamos dar entrada no Congresso Nacional da proposta do governo para a gente regular definitivamente as big techs”, pontuou.
Nesta semana, o governo brasileiro concluiu reuniões, e deve apresentar nos próximos dias duas propostas ao Congresso sobre o tema.
Julgamento de Bolsonaro
O presidente Lula comentou ainda sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal. Lula afirmou que a busca pela anistia de Bolsonaro é “uma coisa tão impertinente” e que o ex-presidente deve primeiro provar a inocência.
“Ninguém foi ainda condenado, o homem não foi nem julgado. Ele já está querendo anistia. Ele já está dizendo que é culpado e está querendo ser perdoado. Não. Ele tem que primeiro provar a inocência dele. Ele está tendo o direito a presunção de inocência que eu não tive. Ele [Jair Bolsonaro] que se defenda e que prove que é mentira”, exclamou..
“Se ele cometeu o crime, ele vai ser punido. Se ele não cometeu vai ser absolvido. E a vida continua. É assim que as coisas devem funcionar no Brasil. A justiça deve valer exatamente para todos”, afirmou Lula.
As declarações do presidente foram dadas, em Belo Horizonte, à Rádio Itatiaia.
Com informações do G1