Foi o MP-GO que, em 2023, encaminhou às autoridades espanholas informações sobre uma suposta ligação entre Luiz Henrique e o empresário Bruno Lopez de Moura. Este é apontado como chefe de uma quadrilha de manipulação de jogos. Suas atividades motivaram a criação da Operação Penalidade Máxima, responsável por denunciar 14 jogadores de futebol e apostadores.
No ofício, o Ministério da Justiça afirma que as informações encaminhadas motivaram a abertura da investigação sobre Luiz Henrique. As suspeitas do envolvimento do brasileiro, contudo, já haviam vindo a público no ano passado. Uma investigação da Sportsradar, empresa que monitora movimentações suspeitas, apontou um volume incomum de apostas em cartões amarelos recebidos pelo atacante e por Lucas Paquetá. Na ocasião, o atacante jogava no Betis, da Espanha. Já o meia defendia o West Ham, da Inglaterra, ao qual segue ligado.
Apesar das suspeitas, nem a La Liga e nem a Federação Espanhola de Futebol abriram uma investigação sobre o caso envolvendo Luiz Henrique. Pouco aproveitado no Betis e com dificuldade de adaptação na Espanha, ele se transferiu para o Botafogo em janeiro. Hoje, é um dos principais jogadores do clube carioca. Suas atuações o levaram para a seleção brasileira.
Máfia das apostas
A máfia das apostas pagou um total de R$ 835 mil a jogadores de futebol num intervalo de apenas seis meses, entre setembro de 2022 e fevereiro de 2023. O montante foi levantado pelo GLOBO a partir da análise de comprovantes de pagamento e planilhas de contabilidade da quadrilha obtidas pela Operação Penalidade Máxima, além de depoimentos dos próprios atletas ao Ministério Público de Goiás (MP-GO). Os documentos revelam que alguns jogadores usavam intermediários e parentes para receberem as quantias dos apostadores.
Nino Paraíba, por exemplo, recebeu R$ 70 mil da quadrilha através da conta bancária de sua mãe quando ainda jogava pelo Ceará. Quatro comprovantes diferentes em nome de Maria José Sousa Clementino, a genitora do lateral, foram encontrados no celular de Bruno Lopez, o BL, apontado como chefe da quadrilha de apostadores. Os repasses foram feitos das contas de Camila Silva da Motta, mulher de BL, e da empresa BC Sports Management, de propriedade do casal.
Para chegar ao montante de R$ 835 mil transferidos para os jogadores, foram usadas como base as 35 partidas suspeitas levantadas no mapeamento do escândalo das apostas, feito a partir da análise das 2.686 páginas da investigação do MPGO e disponível no site do GLOBO. Os valores recebidos pelos atletas, no entanto, podem ser ainda maiores, já que não há comprovantes de todas as transferências feitas dentro do inquérito.
Os atletas que se tornaram réus são: Eduardo Bauermann (Santos), Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Victor Ramos (Chapecoense), Igor Cariús (Sport), Paulo Miranda (Náutico), Fernando Neto (São Bernardo) e Matheus Gomes (Sergipe).
A partir da primeira denúncia oferecida pelo MPGO, também aceita pela Justiça, mais oito jogadores já haviam se tornado réus: Matheusinho (Cuiabá), Romário (ex-Vila Nova), Joseph (Tombense), Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Operário), André Luiz (ex-Sampaio Corrêa), Paulo Sergio (Operário-PR) e Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã).
Os jogadores Moraes (Juventude), Kevin Lomónaco (Bragantino), Nikolas Santos (Novo Hamburgo) e Jarro (São Luiz) aceitaram pagar entre R$ 5 mil e R$ 40 mil para não responder penalmente às irregularidades identificadas.
Fonte O Globo