O distrito Várzea Queimada, de Jaicós, no sertão do Piauí, foi destaque no Fantástico em reportagem exibida no último domingo (20/02), na TV Globo. A comunidade de 900 moradores chama atenção pela quantidade de pessoas surdas que nascem lá. Até agora, são 34. E, para se comunicar, eles desenvolveram uma língua própria: a Cena. As informações são do G1/Fantástico.
Segundo reportagem, pesquisadores do Brasil e do exterior estão organizando um dicionário para preservar essa língua. É que tanto os surdos quanto os não surdos se comunicam através de gestos, criados por eles e batizada de Cena.
A moradora Silvana Lusia Barbosa tem seis filhos. Três deles nasceram surdos. Como não tiveram acesso ao aprendizado de Libras, a Língua Brasileira de Sinais, o jeito foi improvisar.
Sem saber, a família ajudou a estruturar o que os pesquisadores chamam de língua emergente. O fenômeno despertou o interesse de um doutor em linguística pelo Massachusetts Institute of Technology.
Há cinco anos, especialistas da área de linguística da Universidade Federal do Delta do Parnaíba pesquisam as origens e o desenvolvimento da língua de sinais no povoado. Os estudos avançaram e até agora quase 300 expressões utilizadas pela comunidade de surdos de Várzea Queimada foram catalogadas por pesquisadores.
O resultado está ganhando forma com o dicionário Cena/Libras. As palavras estão sendo registradas em fotos.
A doutora Karina Mandelbaun estudou profundamente a localidade, onde o casamento entre primos era bem comum, o que explica tantos surdos num só lugar.