O governo de São Paulo anunciou, nesta 3ª feira (12.jan.2021), que a eficácia global da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida em parceria da farmacêutica chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, é de 50,38%.
A divulgação do percentual foi feita pelo secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e por integrantes do Centro de Contingência de combate ao coronavírus no Estado de São Paulo. O governador João Doria (PSDB) não participou do anúncio.
Gorinchteyn celebrou o fato de a CoronaVac ter mais de 50% de eficácia global, o mínimo recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para imunizantes contra a covid-19.
“Os dados [apontam] uma vacina absolutamente segura, uma vacina que mostrou a sua imunogenicidade, a sua capacidade de produzir anticorpos que neutralizam o vírus. E também mostra a sua eficácia”, afirmou.
“Os números são extremamente importantes no impacto da nossa saúde pública, impedindo que as pessoas desenvolvam a doença de forma grave, impedindo com que as pessoas internem nas unidades hospitalares. A vacina impede a sobrecarga no sistema de saúde, exatamente como nós temos visto hoje”, disse o secretário.
Na última 5ª feira (7.jan), o governo paulista afirmou que a CoronaVac tem eficácia de 78% para prevenir casos leves e prevenção total a mortes, casos graves e moderados da covid-19. A ausência da eficácia global no anúncio foi alvo de críticas de pesquisadores e cientistas.
De acordo com Dimas Covas, nenhum laboratório divulgou a eficácia global antes do imunizante obter aprovação de uso emergencial por uma agência regulatória.
“Tem uma diferença. Nenhuma outra companhia que está desenvolvendo vacinas apresentou os dados de forma detalhada antes do registro emergencial. Nós estamos aqui fazendo isso porque o Instituto Butantan é um instituto de pesquisa, em 1º lugar. É um instituto público, que pretende que essas vacinas sejam destinadas ao público. Não somos uma companhia. Não temos aqui ações na Bolsa. Não temos outro objetivo que não oferecer à população uma vacina que seja eficiente e eficaz”, afirmou.
O diretor médico de Pesquisa Clínica do Instituto Butantan, Ricardo Palácios, apresentou elementos que teriam influenciado para uma eficácia global menor que a de outras vacinas. Segundo ele, a pesquisa da CoronaVac trabalhou com uma definição de casos de covid-19 mais abrangente que outros testes.
Além disso, de acordo Palácios, a maior notificação de casos de covid-19 entre os voluntários pode estar relacionada ao fato de os voluntários serem profissionais de saúde, que estão mais expostos ao vírus e têm maior capacidade de autodiagnóstico.
“Foi uma decisão consciente. A gente estava sacrificando a eficácia para aumentar o número de casos e ter uma resposta mais rápida. Foi uma decisão arriscada, mas precisávamos de uma resposta rápida”, disse.
O responsável pelo estudo afirmou 12.508 voluntários participaram da testagem. Segundo ele, não foram registrados eventos adversos graves relacionados à vacinação em nenhum deles. Em 0,3% dos participante, foi detectada reação alérgica.
Em 24 de dezembro, a Turquia afirmou que a CoronaVac no país teve eficácia de 91,25% após testagem com 1.300 pessoas.
Nesta 2ª feira (11.jan), a autoridade sanitária da Indonésia afirmou que a CoronaVac apresentou 65,3% de eficácia nos testes clínicos realizados no país. Os resultados preliminares foram divulgados pela BPOM (Agência de Alimentos e Medicamentos da Indonésia), que também aprovou o uso emergencial do imunizante. A permissão autoriza o início da vacinação de grupos prioritários.
Até o momento, já foram divulgadas as taxas de eficácia global das vacinas da Pfizer-BioNTech (95%;), da Moderna (94,5%), da Sputnik V (91,4%), da Sinopharm-Pequim (79,34%) e de Oxford-AstraZeneca (até 90%).
O professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Stefano De Leo, disse ao Poder360 que outros fatores, além da eficácia global, influenciam na avaliação de uma vacina.
“A Anvisa é séria e competente. Se ela aprovar a vacina, a logística e taxa adesão serão os outros 2 fatores que precisaremos melhorar para ajudar a eficácia do imunizante”, afirmou.
USO EMERGENCIAL
O Butantan pediu à Anvisa o uso emergencial da CoronaVac na 6ª feira (8.jan). Os dados completos dos estudos com a vacina no Brasil foram enviados e estão sendo analisados pela agência.
De acordo com um painel que monitora o andamento das análises das vacinas contra a covid-19 no Brasil atualizado pela Anvisa, 37,64% da documentação da CoronaVac precisa de complementação.
Segundo a agência, o percentual é calculado de acordo com o volume e a “criticidade” dos dados a serem analisados.
O painel ainda aponta a parcela de documentos em análise (16,19%), com análise concluída (40,7%) e não apresentados (5,47%). A última atualização foi feita nesta 3ª (12.jan), às 10h20.
VACINAÇÃO
A gestão de João Doria pretende iniciar a vacinação em 25 de janeiro. A imunização irá ocorrer de 2ª a 6ª feira, das 7h às 22h, e das 7h às 17h aos sábados, domingos e feriados.
O governo federal ainda não estipulou data exata para o processo. Trabalha com 3 hipóteses para o início. No pior dos casos, as vacinas só começariam a ser aplicadas depois de 10 de fevereiro. No cenário otimista, o processo começaria em 20 de janeiro.