Um grupo de estudantes universitários encabeçado pelo professor de engenharia elétrica Caio Damasceno, da Universidade Federal do Piauí, vem desenvolvendo um método que possibilita que um ventilador mecânico, equipamento essencial no tratamento de pacientes graves com Covid-19, seja utilizado para até quatro pacientes. O projeto, ainda em fase experimental, está sendo desenvolvido de forma voluntária, e pretende distribuir gratuitamente manuais para que a técnica seja reproduzida livremente em outros hospitais.
A expectativa da equipe é que o método seja aplicável em qualquer ventilador mecânico pelo custo de menos de R$ 2 mil, e possa fazer com que o trabalho de um único respirador, que serve a uma pessoa por vez, opere em até quatro pacientes. O custo de um ventilador mecânico varia entre R$ 70 a 120 mil, além das versões de baixo custo, de até R$ 10 mil.
O projeto vem sendo desenvolvido desde o último domingo (22), em uma jornada de trabalho quase ininterrupta dos pesquisadores, por conta da ameaça do coronavírus. Os primeiros testes com resultado positivo aconteceram durante a madrugada deste domingo (29) na Maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, utilizando pulmões artificiais.
O professor de engenharia elétrica Caio Damasceno, que está à frente do projeto, explicou que no teste realizado neste domingo, um respirador mecânico foi utilizado para dois pulmões artificiais. “Nosso próximo passo é fazer ele funcionar em quatro pulmões, com se fossem quatro pessoas”, disse.
O projeto passa agora por analises detalhadas para ser então registrado na Plataforma Brasil e ser avaliado pelo Comitê de Ética Nacional, para assim conseguir autorização para fazer testes em seres humanos. Após os testes finais, a equipe pretende distribuir manuais de aplicação da técnica para os hospitais de todo o país de forma gratuita. “É uma técnica simples. Qualquer pessoa com conhecimentos básicos em engenharia elétrica consegue instalar”, disse o professor Caio.
O grupo de pesquisadores conta com 25 participantes trabalhando ativamente, entre uma equipe no Piauí e parte em outros estados do Brasil, que ajudam com pesquisas e ideias pra aprimorar a técnica. O projeto se baseou em estudos americanos sobre a adaptação de ventiladores mecânicos para mais de um paciente.
“As pesquisas americanas apresentavam muitas possibilidades de erros, que poderiam causar riscos para os pacientes. Nosso trabalho conseguiu mitigar todos esses erros, tornando o sistema seguro”, explicou o professor Caio Damasceno.