O ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) afirmou nesta segunda-feira (24) que sua pré-candidatura visa “arrebentar” a polarização entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
O ex-ministro do governo Bolsonaro concedeu entrevista à TV Cidade Verde e aproveitou para fazer críticas. A principal delas é a falta de emprego para a população que, em consequência, espalha a fome pelo país. “É intolerável”, disse, acrescentando ainda que sofreu sabotagem do presidente da República.
Moro afirmou que sua candidatura é uma alternativa e com um debate racional. “Essa polarização é muito ruim para o país. Ela acaba deixando o debate público obscurecido. A gente tem que discutir racionalmente as questões, por isso a alternativa à polarização é importante. A gente vai arrebentar essa polarização para mostrar que a eleição não é desses dois apenas. Tem alternativas e com um debate racional. Eu não entendo, por exemplo, que o meu sucesso dependa do fracasso do meu vizinho. Não entendo que eu tenha que tratar as pessoas que pensam diferente de mim como inimigo, que essas são as propostas da polarização. Temos que fazer alguma coisa diferente”, declarou.
Fotos: Yala Sena
O ex-juiz criticou as políticas econômicas do governo Bolsonaro e afirmou que o país precisa recuperar sua credibilidade perante o mercado internacional para voltar a investir. Segundo ele, a atual gestão não tem capacidade para mudar o cenário de desconfiança no Brasil.
“Hoje temos uma situação bastante difícil. As pessoas estão desempregadas, passando fome, como a fila do osso, por exemplo. É uma situação intolerável. O Brasil é um grande produtor de alimentos, agora o quadro real é que o Brasil não está crescendo. O Brasil está estagnado economicamente. A gente precisa retomar o crescimento e para isso é preciso confiança. Hoje quem olha de fora o Brasil, vê o Brasil com desconfiança. Temos que recuperar a credibilidade do país no mercado internacional. O governo atual não tem demonstrado essa capacidade. A proposta do outro candidato do PT, a gente já sabe como o governo acabou: com uma grande recessão. O nosso ponto fundamental do projeto é emprego, emprego, emprego e a volta do crescimento econômico”, declarou.
Sabotagem
Moro falou ainda da época que atuou na Lava-Jato e que a sentença condenatória a Lula se deu por farto material de corrupção. Já sobre sua participação no governo, o ex-juiz disse que sofreu sabotagem de Jair Bolsonaro.
“Em relação ao PT, eu fazia um trabalho como juiz. Teve grandes escândalos de corrupção. Teve o petrolão e a lava-jato colocou um basta nisso. A Petrobras ia quebrar. Eu não tenho nada pessoal contra o ex-presidente Lula, mas isso aconteceu durante o governo dele. Quando eu fui para o governo do presidente Bolsonaro foi depois das eleições. Eu nem conhecia o Bolsonaro. Quando eu proferi a sentença do Lula foi em 2017. Nem tinha eleição naquele ano. Eu fui para o governo, pois tinha um projeto de governo contra o avanço da corrupção, A gente conseguiu em parte isso. Depois eu tive que sair. A história está toda contada. Eu não tive apoio e sofri sabotagem do presidente Bolsonaro no combate à corrupção. Isso demonstra que atuei com meus princípios e não com base numa ambição de ser ministro, senão eu estava lá até hoje”, declarou.
CPI é medo
Moro comentou ainda a proposta de CPI do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) para investigar a atuação do ex-juiz na empresa Alvarez & Marsal. A empresa foi contratada para fazer a recuperação judicial de empresas processadas pelo juiz.
“Essa CPI é medo de que volte o combate à corrupção no país. É um ataque a minha pré-candidatura.O Centrão tem medo, o PT tem medo. A nossa proposta, diferentemente de Lula ou Bolsonaro, envolve a retomada do combate à corrupção. A gente vai voltar a combater a corrupção, pois isso é importante para o país”.
Nosso judiciário não funciona bem
“A gente precisa ter um judiciário que funcione. Isso é fundamental. Eu tenho grande respeito pelos juízes, mas o nosso judiciário não funciona bem. Hoje praticamente o judiciário não condena ninguém por corrupção. Existe corrupção no Brasil, houve uma diminuição com a Lava-Jato, mas com todos esses ataques, a coisa está voltando forte e poderosa. Precisamos de um judiciário que se contrapõe a isso”.
Hérlon Moraes – Cidade Verde