Quando o assunto é reabertura do comércio, muito se fala sobre o poder público, dos empresários, mas alguém já pensou nos trabalhadores? As pessoas que estão diariamente nos estabelecimentos autorizados por decreto têm muito a dizer sobre esta situação.
Túlio de Sousa Gomes é frentista em um posto de combustíveis no bairro Ilhotas, Zona Sul de Teresina, e contou um pouco sobre como é trabalhar durante a pandemia.
“Medo a gente não deve ter né, de nada. Tem que enfrentar porque a gente precisa do trabalho para continuar sustentando a nossa família, então não pode ter medo. Toda vez que eu saio do meu trabalho, já procuro sair higienizado. Chego em casa e antes de ter contato já vou direto para o banho e coloco a roupa dentro de uma sacola para lavar”, diz.
Túlio diz que não teve nenhum sintoma do coronavírus e ninguém da sua família foi diagnosticado com a doença.
“Eu prefiro continuar trabalhando, porque eu preciso trabalhar, como muita gente também precisa. Quem tem a vida tranquila e pode ficar em casa, é lógico que vai defender ficar em casa né? Mas quem não tem e precisa ganhar o pão todo dia, vai querer trabalhar. É ter precaução, se higienizar e a vida tem que seguir”, completou.
Ricardo Ribeiro trabalhava numa loja de consórcios antes da pandemia, mas foi demitido quando a loja teve que fechar. Com uma moto recém-comprada e muitas dívidas, resolveu ser motoboy e assim consegue ajudar a sua família.
“Tenho um filho de dois anos e criança dá despesa. Como motoboy trabalhei um tempo para um restaurante, depois uma pizzaria, fiquei no iFood por um tempo e agora estou fixo em uma hamburgueria. A gente toma todos os cuidados, a gente fica com medo de pegar, mas estamos seguros. Fiz o teste semana passada e deu negativo, só teve um dia que senti como se tivesse com febre, dor de cabeça, mas graças a Deus não era nada. Eu prefiro trabalhar, com certeza, ficar em casa não dá, conheço muita gente que perdeu o emprego, que está parado, mas eu não posso”, disse.
“Já fui assaltado uma vez esse ano, levaram meu celular e dinheiro, por sorte não levaram a moto. Se continuar assim, vai piorar, muita gente sem trabalhar vai se encaminhar para o que não presta e a gente que trabalha é que sofre”, completou.
Com todas as medidas de higienização e distanciamento social, é possível sim a abertura do comércio de forma segura para trabalhadores e clientes. É preciso agora que a iniciativa privada apresente um plano concreto para assegurar a reabertura dos estabelecimento e que o poder público haja como fiscalizador do trabalho realizado.
Texto: Jhone Sousa – 180graus