Seca: soluções definitivas e fim do carro-pipa são cobradas em audiência na Alepi

Os efeitos da estiagem que assola centenas de cidades do Piauí foram, novamente, tratados na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi). Por proposição do presidente da Casa, deputado Severo Eulálio (MDB), a Comissão de Defesa do Consumidor e Meio Ambiente realizou, nesta segunda-feira (22), uma audiência pública para debater o tema.

O presidente Severo abriu o debate relatando que todos os parlamentares recebem cobranças diárias relacionadas aos problemas gerados pela seca. Ele lembrou que a estiagem vem acompanhada da transição da Agespisa para a Águas do Piauí e deputados e prefeitos precisam ter conhecimento das ações tomadas pelo Executivo estadual e pela nova concessionária de abastecimento.

As ações do Governo do Estado foram apresentadas pelo secretário de Planejamento, Washington Bomfim. Ele reforçou que a gravidade do problema é grande e inédita e explicou questões institucionais que colocam a MRAE (Microrregiao de Água e Esgoto do Piauí), uma autarquia administrada pelo próprio governo, em conjunto com os 224 municípios, no centro das iniciativas do Executivo estadual.

Bomfim detalhou que a MRAE fez a concessão dos serviços para a Águas do Piauí visando atingir as metas estabelecidas pelo Marco Legal do Saneamento Básico, que são para a próxima década, mas que, por conta da seca deste ano, muitas ações estão sendo cobradas com emergência. Em conjunto com essa solução definitiva, perfuração de poços, construção de cisternas e contratação de carros pipa estão sendo feitas. Além disso, foram captados no Governo Federal recursos para auxílio alimentação, adutoras e construção de sistemas de abastecimento, em conjunto com as Prefeituras.

Seca: soluções definitivas e fim do carro-pipa são cobradas em audiência

Bem como fez em audiência pública que debateu o tema em maio, Bomfim voltou a cobrar os gestores municipais, destacando que as prefeituras são as responsáveis pela Defesa Civil e alguns recursos federais dependem de elas disponibilizarem informações. O presidente da APPM (Associação Piauiense de Municípios), Admaelton Bezerra, falou sobre o assunto e disse que alguns prefeitos têm mais dificuldades porque a população não tem aceitado que a água passará a ser cobrada e outros não compreendem as mudanças geradas pela MRAE por fazerem oposição às gestões que assumiram o compromisso com a autarquia.

O diretor-presidente da Águas do Piauí, Guilherme Dias, afirmou que a concessionária tem dialogado com todos esses gestores. Ele lembrou que a empresa assumiu a administração do sistema mesmo antes de contratada e relatou uma série de ações como perfuração de poços, reservatórios e estações de tratamento móveis, geradores de energia e caminhões pipa com maior capacidade que fazem parte de um plano emergencial em que mais de R$80 milhões estão sendo aplicados.

 

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Deputados apresentam realidade dos municípios 

Durante a audiência, vários deputados relataram problemas vistos ou vivenciados e sugeriram soluções. O vice-presidente da Alepi, Francisco Limma (PT), relatou que, nos últimos 30 dias, visitou quase 30 cidades que estão em situação de seca e ficou “impactado com a intensidade da estiagem deste ano”, vivência também compartilhada por Dr. Gil Carlos (PT). Limma disse que são mais de 1 milhão de pessoas que precisam de ajuda hídrica e ainda existe muito problema na distribuição por carros-pipa, com água sendo vendida e não entregue ou tendo péssima qualidade.

Para Gustavo Neiva (PP), é fundamental encontrar uma solução definitiva, como a transposição do rio São Francisco e com o uso de parte dos empréstimos do Executivo para chegar a uma solução. Hélio Isaías (PT) afirmou que o Piauí tem bastante água no subsolo e várias barragens sem utilidade. “Precisamos de um plano para usarmos nossas reservas para abastecermos nossas cidades”, disse.

Evaldo Gomes (Solidariedade) chamou a Agespisa de “elefante branco” e afirmou que a falta de água não foi resolvida por “incompetência” da empresa. Bem como Tiago Vasconcelos, o vice-líder do Governo confia que a Águas do Piauí vai resolver rapidamente os problemas de abastecimento no interior do estado.

Warton Lacerda (PT) relatou problemas de abastecimento na cidade de Altos contando que é feito por poços tubulares e a água é distribuída sem tratamento. “A solução para a região de Altos seria uma barragem”, defendeu. Ainda compareceram à audiência, os deputados Wilson Brandão (PP) e Rubens Vieira (PT).
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Sociedade Civil cobra soluções definitivas

Representando uma frente de vereadores e de entidades da sociedade civil do Território Serra da Capivara, a vereadora de São Lourenço do Piauí, Amanda Barbosa, disse que a solução definitiva é a transposição do rio São Francisco. Ela compartilhou o que diz ser um sentimento de toda a população que está sofrendo com falta de água total, ou sem qualidade para consumo humano, de que a Águas do Piauí não tem capacidade de solucionar o problema e ainda é mais cara para o Poder Público.

Algumas soluções definitivas para a convivência com a seca foram apresentadas por Francisco Lira, da Associação de Engenheiros Agrônomos do Piauí, e pelo superintendente da Embrapa Meio Norte, Anísio Lima. Este criticou a falta de demanda dos gestores para com a empresa, que já chegou a receber 100 representantes da África para conhecer as soluções tecnológicas voltadas à convivência com a seca, mas pouco recebe administradores piauienses.

Ao final da audiência pública, Severo Eulálio destacou que a reunião teve a intenção de buscar soluções e que a ação conjunta entre Governo, Águas do Piauí, deputados, prefeitos e vereadores pode levar água à população do semiárido. Um dos encaminhamentos do debate foi buscar mais proximidade com o Governo Federal e com a bancada federal para que mais recursos cheguem e, assim, soluções definitivas sejam realizadas, como a construção da Adutora do Sertão e a transposição do rio São Francisco.

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