O secretário Estadual de Saúde, Antônio Luiz Soares, suspendeu pregão eletrônico em que a empresa Big Data Health, alvo de operação da Polícia Federal, ganhou a licitação. A revogação veio seis dias após o proprietário da empresa ser investigado por suspeita de participar de um esquema criminoso em contratos na Sesapi. O pregão foi no valor de R$ 41,3 milhões realizado em 19 de setembro deste ano.
A empresa é investigada na operação da PF, batizada de OMNI, e foram cumpridos dois mandados de prisão temporária e 22 de busca e apreensão nas cidades de Teresina, Timon/MA, Araguaína/TO, Brasília/DF, Goiânia/GO, São Paulo/SP e Curitiba/PR.
O juiz da 3ª Vara Federal da Seção determinou a suspensão de contratos, o afastamento de um servidor público e o bloqueio de cerca de R$ 66 milhões dos investigados, valor referente ao esquema de superfaturamento de contratos.

Segundo a PF, as investigações apontam indícios de direcionamento e conluio em chamamento público da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (SESAPI) para contratação da Organização Social de Saúde (OSS) responsável pela gestão de hospitais estaduais, em especial do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba/PI. Há suspeitas de superfaturamento, lavagem de dinheiro, conflito de interesses e falsidade ideológica em contratos milionários, incluindo o fornecimento de software de gestão em saúde.
No pregão, a Big Data Health ganhou licitação para o gerenciamento do diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial (has), Diabetes Mellitus (DM) e dislipidemia com fornecimento de software para plataforma de gerenciamento e treinamento dos profissionais do Programa Mais Saúde Piauí.
Na portaria de revogação dos serviços, o secretário disse que o pregão seguiu a legislação vigente e que a suspensão é uma recomendação dos órgãos de controle.
Empresário nega participação
Os empresários, Bruno Santos Leal Campos e Nemesio Martins de Castro Neto, foram presos e liberados após uma liminar no Tribunal Federal da 1ª Região. Bruno Santos negou participação e disse que os bens apreendidos não lhe pertencem.
O empresário Nemesio Martins também divulgou nota à imprensa, através do seu advogado Matheus Brandão, onde informa que a prisão temporária “teve caráter exclusivamente investigativo, não havendo, até o momento, qualquer prova de culpa ou indício concreto que justifique sua responsabilização”. A diz ainda que o empresário sempre se colocou à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos e que não ofereceu qualquer resistência às ações de busca e apreensão.
Confira a nota na íntegra:
Em relação à prisão temporária ocorrida em 30 de setembro de 2025, o Sr. NEMESIO MARTINS DE CASTRO NETO, por meio do seu jurídico, vem a público esclarecer que a medida teve caráter exclusivamente investigativo, não havendo, até o momento, qualquer prova de culpa ou indício concreto que justifique sua responsabilização.
Destaca-se que a decisão judicial que autorizou a prisão não apresentou fundamentação adequada quanto à necessidade da medida, especialmente considerando que o investigado sempre se colocou à disposição das autoridades competentes para prestar todos os esclarecimentos necessários, bem como não ofereceu qualquer resistência às ações de busca e apreensão e reafirma seu comprometimento em colaborar integralmente com a Justiça, confiando que a verdade dos fatos será plenamente demonstrada ao longo da investigação, motivo que desencadeou sua soltura pelo Habeas Corpus impetrado por seu advogado no TRF1.
Ressalta-se ainda que o Sr. Nemesio nunca respondeu a qualquer inquérito policial ou processo judicial, pautando toda a sua conduta na legalidade e no respeito às instituições. É importante esclarecer também que a quantia em dinheiro mencionada por veículos de imprensa não pertence ao investigado, não tendo sido apreendido qualquer valor em seu poder, tampouco existindo transferências financeiras de Pessoa Física e/ou Jurídicas em seu nome que indiquem envolvimento em atos ilícitos com órgãos públicos ou empresas e pessoas privadas.
O Sr. Nemesio reitera sua confiança na Justiça e reafirma sua disposição em colaborar com as autoridades para o pleno esclarecimento dos fatos, acreditando que a verdade prevalecerá ao final da investigação.
NEMESIO MARTINS DE CASTRO NETO e seu advogado, Matheus Tersandro de Castro Brandão.
Com informações da Sesapi/Cidadeverde.com