Silvio Mendes defende nova auditoria em repasses realizados para o Hospital São Marcos

O prefeito de Teresina, Silvio Mendes (União Brasil), comentou sobre a crise atual entre a Fundação Municipal de Saúde (FMS) e o Hospital São Marcos (HSM) acerca da interrupção do tratamento de pacientes oncológicos da instituição. Segundo ele, a gestão pública da cidade está “quebrada” e não há como realizar novos repasses para o hospital até que seja realizada uma nova auditoria, cujo objetivo é esclarecer os valores do Sistema Único de Saúde (SUS) encaminhados para o tratamento dos pacientes em questão.

Conforme o gestor, o Hospital São Marcos teria recebido irregularmente R$ 30 milhões nos últimos anos. Esses valores ilegais seriam provenientes do não pagamento de uma contrapartida de uma linha de crédito contratada pela unidade de saúde junto a uma instituição financeira.

“Deve ser feita [outra auditoria] com a presença do Ministro da Saúde, do Instituto Nacional do Câncer (Incra), da Secretaria de Estado da Saúde e da Fundação Municipal, que é a gestora do SUS, porque temos que esclarecer isso”, disse o gestor.

A FMS, por sua vez, denuncia que pacientes oncológicos do SUS estão recebendo notificações sem assinatura informando a interrupção nos tratamentos. Em razão disso, ele destacou que o presidente da FMS, Charles Silveira, entrou com uma ação civil pública para investigar os fatos apontados pelos pacientes.

Foi crescendo muito tempo e chegou a mais de R$ 30 milhões. Indevidamente, ele recebeu o dinheiro público, e foi indevidamente porque não houve desconto de um empréstimo. Foi feito um acordo da justiça, e eu tenho dificuldade de dizer, porque a prefeitura está ‘quebrada’. É o hospital que está devendo mais de R$ 30 milhões, e ainda quer mais dinheiro da prefeitura? Paciência. É dinheiro público. Então foi judicializado, a Fundação, através do professor Charles, entrou com uma ação civil pública reclamando que o hospital não pode fechar”, ressaltou.

Em recentes declarações, a Fundação Municipal de Saúde afirma que não há atrasos nos repasses de recursos para o hospital, destacando que todos os valores devidos para o tratamento dos pacientes oncológicos estão sendo realizados em sua integralidade. Por conta disso, uma visita de técnicos do Ministério da Saúde está agendada para esta semana, a fim de auxiliar nas discussões e resolver o impasse.

“A Fundação Municipal de Saúde é gestora plena do SUS em Teresina. A FMS não é melhor e pior que ninguém, mas é a gestora do SUS em Teresina é a FMS”, destacou.

O hospital informou ainda que, durante o período, recebeu apenas R$ 19 milhões líquidos da gestão municipal. - (Arquivo / O DIA)

Em resposta, o Hospital São Marcos, por meio de nota alegou estar há 19 meses sem receber repasses contratuais da Prefeitura Municipal, o que teria levado à interrupção parcial dos atendimentos oncológicos por falta de medicamentos.

De acordo com o hospital, mais de mil pacientes estão atualmente com tratamentos atrasados. Entre janeiro e abril de 2025, o São Marcos realizou mais de 18 mil consultas em oncologia, 11 mil sessões de quimioterapia, 850 cirurgias de alta complexidade e 700 internações de pacientes oncológicos.

O hospital informou ainda que, durante o período, recebeu apenas R$ 19 milhões líquidos da gestão municipal, valores repassados exclusivamente pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi), e que o montante seria insuficiente para cobrir as despesas com equipe médica, medicamentos, insumos e estrutura hospitalar.

“Não se trata de uma disputa política. Trata-se de uma questão de saúde pública e de preservação da vida. O Hospital São Marcos segue pronto para continuar atendendo, mas precisa de condições mínimas para isso. Estamos abertos ao diálogo e à construção de uma saída conjunta, responsável e urgente com a Prefeitura”, declarou o diretor técnico do São Marcos, Dr. Marcelo Martins, em entrevista à imprensa.

Criticas ao atendimento de pacientes do SUS

Na ocasião, ele argumentou ainda que pacientes assistidos pelo SUS estão tendo tratamento diferenciado, com possível segregação no atendimento.

“Hoje a receita hospital de cada 100 reais apenas 20 reais vem do SUS e como é que se discrimina o paciente do SUS? Vocês lembram lá atrás quando eu fui colocado publicamente, não vou dizer crucificado, pois não vou me comparar a Jesus, como se eu tivesse agredido o hospital por uma auditoria que constatou que eles receberam dinheiro com um tratamento que não fizeram. Vocês esqueceram disso? Foi feito audiência pública, recebi várias ameaças, essas coisas estão sendo ditas o tempo, sempre vai ter o tempo de contar as histórias. Por que que o SUS, por exemplo, os pacientes do SUS entram por uma porta diferente e os outros pacientes por outra? Os pacientes do SUS são menos do que os outros? Vamos colocar as coisas no lugar”, concluiu.

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