Uma professora da rede municipal de ensino de Sobral, no Ceará, foi presa por forjar o próprio sequestro e exigir uma recompensa de R$ 2 mil. Daiane Souza Silva, de 23 anos, foi encontrada dentro de um barraco, no centro da cidade, nesta quarta-feira. Além dela, o dono do imóvel, Michel Platini Farias Rodrigues, também foi preso por ser cúmplice da professora.
Daiane saiu de casa na noite de terça-feira e avisou aos familiares que iria para a casa de um caso amoroso seu, na cidade de Sobral. Horas depois, por volta das 21h, ela ligou para a irmã e, chorando ao telefone, disse que havia sido sequestrada.
– Ela ligou para a família e disse aos prantos que tinha sido sequestrada e que por isso não tinha chegado à casa do homem com que se relaciona amorosamente. Nós só soubemos do suposto sequestro no dia seguinte, por volta das 7h, quando a irmã dela veio até a delegacia registrar a ocorrência. No celular dela tinham fotos da Daiane amordaçada e áudios dos supostos sequestradores. Logo em seguida, saímos em diligências para encontrá-la. Achamos a Daiane no fim do dia – disse o inspetor Leonardo Menezes, da Delegacia Municipal de Sobral.
No aúdio enviado para o celular da irmã de Daiane, a própria professora grava uma mensagem fingindo ser uma sequestradora. Ela tenta alterar a voz e diz que quem está falando é uma facção criminosa da região.
“Nós tâmo com a gata aqui, mano. Nós quer dois mil real pra soltar ela. Aqui é o ****, é o comando daqui, é nós que manda. Ela tá aqui com nós. Nós pegou o dinheiro dela e nós quer dois mil real em 24 horas pra soltar a gata. Se meter os homem aí no meio, o negócio vai ferver pra ela, sacou maluco? Nós vamos ficar aqui falando com vocês no zap zap gata. Não perde tempo não, mermão. Se não o negócio não vai prestar não”, dizia o áudio.
De acordo com o inspetor, desde o início a polícia suspeitou do sequestro. No entanto, a família da jovem se mostrava desesperada com o sumiço da professora.
– Desde o início estranhamos esse sequestro. É um valor de resgate muito baixo e a vítima mantinha muito contato com a família por áudio. A irmã e o namorado dela estavam desesperados. A mãe ficou na cidade dela, cuidando da filha da Daiane, que tem três anos. Os amigos de trabalho dela já tinham feito uma vaquinha para pagar o resgate – contou.
A professora foi encontrada após uma pessoa reconhecer o local das fotos enviadas por ela para a família.
– Fomos até um Centro Umbandista que ela frequenta e mostramos as imagens para as pessoas, para saber se alguém reconhecia o local ou havia visto a Daiane. Um rapaz reconheceu a casa pela geladeira e nos deu o endereço. Quando chegamos, Daiane estava deixando o local com o Michel – disse o inspetor.
Em depoimento à Polícia, Daiane disse que a família a menosprezava e que o sequestro era uma forma de fazê-los dar atenção a ela.
– Ela alegou que tudo não passou de uma brincadeira e que forjou o sequestro para chamar a atenção da família. Disse que ninguém dava atenção a ela. O namorado nem quis falar com ela quando chegou à delegacia de tão irritado que estava. A irmã só sabia chorar e gritar ‘por que você fez isso? E a sua filha?’. Ela ainda disse que sofre de depressão e tem problemas psicológicos. Nós ainda iremos avaliar – disse o inspetor.
Daiane Silva e Michel Platini vão responder pelo crime de extorsão qualificada. A pena varia de quatro a 10 anos.