O conclave que definirá o novo papa terá início nesta quarta-feira (7), no Vaticano. A votação reunirá 133 cardeais com menos de 80 anos, aptos a participar da escolha. Entre os nomes cotados como favoritos estão italianos, um americano e até um brasileiro.
A sucessão papal acontece em um momento de expectativa quanto ao futuro da Igreja Católica, após os 12 anos de pontificado de Francisco, marcado por reformas significativas, aproximação com minorias e uma ênfase em uma Igreja voltada aos mais pobres.
O papa Francisco morreu no dia 21 de abril, aos 88 anos. Desde então, a Igreja Católica vive o período conhecido como Sé Vacante, quando a cadeira papal permanece vaga. A expectativa é que o novo pontífice seja escolhido nos próximos dois dias.
Entre os favoritos ao cargo estão representantes de diferentes regiões e correntes internas da Igreja. A disputa reúne tanto nomes alinhados ao legado progressista de Francisco quanto cardeais de perfil mais conservador.
Confira a seguir alguns nomes.
Jean-Marc Aveline, França
Jean-Marc Aveline, apelidado por alguns de “João XXIV” pela semelhança com o papa reformador João XXIII, é considerado um dos favoritos ao papado. De perfil simples e bem-humorado, tem forte afinidade ideológica com Francisco, especialmente em temas como imigração e diálogo inter-religioso.
Nascido na Argélia e radicado na França, Aveline é doutor em teologia e se destacou sob o pontificado de Francisco, tornando-se cardeal em 2022. Seu nome ganhou força após organizar uma conferência internacional em 2023 com a presença do papa. Se eleito, será o primeiro papa francês desde o século 14 e o mais jovem desde João Paulo II.

Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, francês, 66 anos — Foto: Vaticano/Divulgação
Péter Erdő, Hungria
O húngaro Péter Erdő, cotado também em 2013, volta a ser mencionado como possível papa por sua influência na Europa e África e por seu papel na Nova Evangelização. Conservador em teologia, defende as raízes cristãs da Europa, mas é visto como pragmático e evitou confrontos diretos com Francisco.
Em 2015, causou polêmica ao criticar o acolhimento de refugiados, mas recuou após conversa com o papa. Especialista em direito canônico, tornou-se cardeal aos 51 anos, sendo o mais jovem do Colégio até 2010.

Cardeal Peter Erdo, húngaro, 72 anos — Foto: Vatican News/Divulgação
Mario Grech, Malta
Mario Grech, natural da pequena ilha de Gozo, em Malta, ganhou destaque no Vaticano ao ser nomeado por Francisco como secretário-geral do Sínodo dos Bispos. Inicialmente conservador, tornou-se um defensor das reformas do atual papa.
Em 2014, após pedir mais acolhimento da Igreja à comunidade LGBTQIA+, foi elogiado por Francisco, sinalizando seu alinhamento com a nova visão da Igreja e abrindo caminho para sua ascensão.Cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, maltês, 68 anos — Foto: Arquidiocese de Braga/Divulgação
Juan Jose Omella, Espanha
Juan José Omella, arcebispo de Barcelona, é conhecido por seu estilo modesto, senso de humor e compromisso com a justiça social. Nascido em 1946 na Espanha, atuou como missionário no Congo e colaborou por anos com a ONG Manos Unidas.
Nomeado bispo em 1996, foi promovido a arcebispo em 2015 e, no ano seguinte, tornou-se cardeal por indicação de Francisco, reforçando sua imagem como representante da ala progressista da Igreja.
Cardeal Juan Jose Omella, arcebispo de Barcelona, espanhol, 79 anos — Foto: Vatican News/Divulgação
Pietro Parolin, Itália
Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano desde 2013, é o favorito entre os apostadores. Considerado o “número dois” na hierarquia da Igreja, tem longa carreira diplomática, com passagens marcantes na Venezuela e na reaproximação do Vaticano com China e Vietnã.
Embora criticado por conservadores, defendeu o diálogo com regimes comunistas. Reservado em temas das chamadas Guerras Culturais, classificou o casamento homoafetivo como “derrota para a humanidade”, refletindo um perfil moderado e institucional.
Cardeal Pietro Parolin, italiano, diplomata do Vaticano, 70 anos — Foto: Vatican News/Divulgação
Luis Antonio Gokim Tagle, Filipinas
Luis Antonio Tagle, apelidado de “Francisco Asiático”, é visto como um forte candidato ao papado, especialmente por seu compromisso com a justiça social. Com ampla experiência pastoral e administrativa, foi nomeado cardeal por Bento XVI em 2012. Em 2019, Francisco o levou ao Vaticano como chefe do Dicastério para a Evangelização, ampliando seu perfil global. Caso eleito, será o primeiro papa asiático, vindo das Filipinas, o maior país católico da região.
Cardeal Luis Antonio Gokim Tagle, filipino — Foto: Vatican News/Divulgação
Joseph Tobin, Estados Unidos
Aos 73 anos, Joseph Tobin pode se tornar o primeiro papa nascido nos EUA e oriundo de um país sem maioria católica. Cardeal desde 2016, é conhecido por sua postura acolhedora com pessoas LGBTQIA+ e pela transparência ao lidar com o escândalo envolvendo Theodore McCarrick.
Ex-alcoólatra em recuperação, enfrentou duramente as políticas anti-imigração de Donald Trump, chegando a testemunhar em defesa de um imigrante mexicano. Sua trajetória inclui passagens pelo Vaticano e arquidioceses nos EUA.
Cardeal Joseph Tobin, arcebispo de Newark, NJ, americano, 72 anos — Foto: Vaticano/Divulgação
Leonardo Ulrich Steiner, Brasil
Aos 74 anos, Dom Leonardo Steiner, natural de Forquilhinha (SC), é considerado o primeiro cardeal da Amazônia. Formado em Filosofia e Teologia, foi ordenado sacerdote em 1978 e teve uma carreira ligada à educação. Nomeado bispo em 2005, foi secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar de Brasília. Em 2019, tornou-se arcebispo de Manaus e, em 2022, foi criado cardeal por Francisco.
Cardeal Leonardo Steiner vai viajar para Roma para o funeral do papa — Foto: Getty Images
Peter Turkson, Gana
Peter Turkson, de Gana, é considerado um forte candidato a se tornar o primeiro papa da África Subsaariana. Com vasta experiência pastoral e liderança no Vaticano, foi nomeado cardeal em 2003 e se destacou como chefe do Pontifício Conselho Justiça e Paz. Seu trabalho com questões como justiça social e mudanças climáticas o tornou um conselheiro próximo de Bento XVI. Nascido em uma família humilde, Turkson estudou em Gana e Nova York e foi ordenado sacerdote em 1975.
Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, ganês, funcionário do Vaticano, 76 anos — Foto: Vatican News/Divulgação
Matteo Maria Zuppi, Itália
Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha desde 2015, é conhecido como o “Bergoglio italiano” devido à sua afinidade com Francisco. Focado em migrantes e pobres, é um “padre de rua” que prefere simplicidade, usando bicicleta em vez de carro oficial. Se eleito papa, seria o primeiro italiano desde 1978, mas enfrentaria desconfiança de conservadores e vítimas de abuso sexual devido à resposta lenta da Igreja Italiana a esses casos.
Matteo Maria Zuppi, italiano, arcebispo de Bolonha, 69 anos — Foto: Vatican News/Divulgação