Os mentecaptos não carecem de emoção. A razão é fugidia, mas o coração é um guia seguro. Então, o folclórico Buti saía batendo sua lata de goiabada vazia pelas ruas de nosso Barro Duro, despertando os homens do sono, anunciando que a vida corria mundo a fora: “Brasília! 9 horas, a imprensa da capital federal acabou de divulgar mais um boletim sobre o estado de saúde do presidente Tancredo Neves…”Já o pernambucano Floriano caminhava aflito no mercado municipal, balbuciando delírios de amor passado, mas consciente de que queria viver e morrer em Barro Duro.
Só o amor transcende os espaços intangíveis da memória e alcança um local seguro em que nem a alienação mental faz o homem de sua terra se desprender. Em 05 de dezembro de 1962, as leis conferiram ao nosso lugar o status de município. Mestre Humbelino me dizia que “aqui sempre foi bom. Por isso, os cearenses nunca passaram daqui”.
Na formação étnica de Barro Duro, de fato, vê-se a presença cearense. Talvez isso explique o humor sarcástico do barrodurense e sua paixão pela galhofa. Em 1964, ocorreu a primeira eleição no novo município e o prefeito eleito foi o senhor Francisco Tavares. Joel Rodrigues foi o segundo prefeito eleito, homem habilidoso politicamente, dizem que foi o mentor de diversos acontecimentos políticos na cidade. Ele próprio foi prefeito mais duas vezes. O comerciante João Catumbi foi o terceiro prefeito eleito de Barro Duro. Depois tivemos o governo do senhor Fransquim (Chico Enoque), que trouxe para lhe suceder o primo de seu amigo Joel, o militar Elói Pereira.
Depois dele tivemos o prefeito Antônio Pessoa; em seguida, Direnice Melo, esposa do prefeito Elói, mais uma vez Joel Rodrigues; Francisco Pereira por dois mandatos; Deusdete Lopes e novamente eleito Francisco Pereira. Paralelo à vida política tem-se um povo alegre, que busca em qualquer lugar do país meios para o sustento digno da família. Barro Duro chega a meio século de emancipação com muito a ser feito no tocante a serviços públicos. Às vezes, temos a impressão ingênua de que a vida está completa. Em dezembro os encontros dão o tom colorido da emoção. A gente fica com aquela sensação de que é possível melhorar a vida das pessoas daqui. Nossa terra querida onde até os mentecaptos cantam e de onde jamais tencionam sair. Salve Barro Duro de nosso coração. “Os poetas esquecidos” jamais esquecem de ti, “joanino torrão”. Nem que a luz se apague ao meio-dia, nem que a lua perca o romantismo original, nem que para o amor não aja uma recompensa, este é meu canto de alegria por teus dias, Barro Duro, meu amor.
(José Soares Lima)