Comentários acerca de dois pontos que denunciam o comportamento do homem em face da natureza contidos no magnífico documento “Carta do Chefe Seattle (Duwamish)” , cujo discurso é dirigido ao então presidente da época, Franklin Pierce, o qual tinha a pretensão de adquirir o território em que o chefe indígena, Duwamish, habitava com sua tribo.
Por: José Vitor S. Fontinele
Desde os primórdios, o ser humano, mantém estreita relação de dependência com a natureza, a priori, para satisfazer suas necessidades como ter que caçar para sua sobrevivência, a posteriori, depois de já ter dominado e explorado a natureza das mais diversas formas, em algumas situações sobrevive para caçar, e isso se dá ao descontrolado e abusivo comportamento do homem, que praticamente em sua integralidade, declina para o desequilíbrio ecológico, gerando, grandes problemáticas que cada vez mais se agravam, afetando não somente o meio ambiente, mas, por vezes, drasticamente seu agressor.
Este entendimento acima corrobora com este trecho do documento em análise:
“Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa”.
O documento, ora objeto de debate, é atemporal, como se seu autor estivesse prevendo fatos que iriam acontecer. Não que seja algo místico ou profético – bem longe de ser-, mas que já poderia se ter em mente e presumir com base no comportamento do homem até o momento de sua criação, e que se prolatou até o presente momento, e torna-se cada vez mais patente, conforme se depreende em inúmeras e reiteradas situações nos dias de hoje, as quais, mesmo com as atuais políticas em âmbito nacional e internacional, as soluções ainda se encontram ou ineficazes ou longínquas, pois extrair o melhor que o meio ambiente tem a oferecer é tão fácil quanto qualquer outra coisa almejada pelo ser humano, mas, recuperá-lo, demanda comprometimento no âmbito dos países, isto é, internamente, e, além disso, cooperação entre os diversos países em prol de objetivos comuns, sendo o tempo uma “peça chave” e fundamental.
Este segundo entendimento também corrobora com a transcrição deste trecho do documento em análise:
“De uma coisa sabemos. A terra não pertence, ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.”
Assim sendo, este documento histórico é um dentre tantos outros de grande relevância para uma reflexão acerca do cenário atual, a fim de que o ser humano repense suas atitudes e interrompa seus atos prejudiciais ao Planeta Terra para que não se ocorra mais riscos nem prejuízos sob o pretexto do progresso, pois, se progresso for renunciar à vida para a satisfação de interesses egoístas, é preferível que o homem jamais estivesse saído do Estado de Natureza.