A expressão subdesenvolvimento originou-se após a Segunda Guerra Mundial para denominar os países, estados e cidades, com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Esse índice é analisado a partir dos indicadores sociais como: taxa de mortalidade infantil, taxa de analfabetismo, taxa de natalidade, renda per capita, qualidade de vida da população, aquisição ao conhecimento e expectativa de vida.
Os organismos responsáveis pela avaliação dos dados são organizações internacionais como a ONU (Organizações das Nações Unidas) e UNESCO (Organizações das nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
Em Água Branca não seria diferente, como qualquer outra cidade do nosso globo terrestre a Capital Econômica do Médio Parnaíba, também é regida por estes termos.
Ultimamente, o que vem chamando a atenção da população que atende um nível maior da parcela pequena de aguabranquenses que possuem o terceiro grau de ensino, é o fato da alta taxa de fecundidade no Município, fato que diretamente está ligado a maioria da população da cidade; que não possui instrução e nem condições culturais adequadas, razão pela qual se aliena através da mídia nociva como a proporcionada pela televisão através das novelas e alguns outros programas e de estilos musicais nada convencionais para quem tem moral e bons costumes.
Indignado com isso, o jornalista Misael Lima, desenvolveu um estudo sobre o assunto na cidade. O jornalista exerce o papel de líder da Pastoral da Criança desde 2004, atualmente é vice-coordenador de ramo da Pastoral da Criança no Município e foi através da convivência com o trabalho da Pastoral da Criança em algumas áreas periféricas de Água Branca que o jornalista realizou uma coleta de dados que retratam a alta taxa de fecundidade de mães no Município.
Alta taxa de fecundidade está ligada à falta de informação
Através de um trabalho com a PASTORAL DA CRIANÇA entidade sem fins lucrativos que ajuda mães das zonas periféricas de Água Branca é possível constar está realidade.
Para se ter uma ideia da dimensão dos dados de fecundidade em Água Branca, basta escolher como campo de pesquisa o bairro Mutirão, onde os dados avaliados revelam abaixa escolaridade, falta de acesso à informação e deficiência nas políticas de planejamento familiar e muitas mães solteiras. Esses são os principais fatores apontados ao se realizar um estudo aprofundado do bairro, o que justifica a alta taxa de fecundidade nesta área periférica de Água Branca.
Segundo o estudo realizado pelo jornalista Misael Lima, a mãe do bairro mutirão tem, em média, 1.9 filhos, por família, para ter uma ideia, no mês de janeiro de 2013 o bairro ganhou mais de 10 mães entre 13 e 18 anos de idade, todas sem serem casadas; uma taxa que supera os níveis aceitáveis de fecundidade, determinados pela ONU (Organizações das Nações Unidas), que é de 1,4 filho por família.
Segundo pesquisas realizadas a nível nacional e mundial as razões apontadas, no entanto, referem-se principalmente às famílias que vivem longe dos centros urbanos. ‘Na área rural é onde se encontram as famílias mais numerosas. Geralmente porque mais filhos significam mais braços para ajudar no trabalho e também porque o acesso à informação e aos métodos contraceptivos são mais difíceis‘, afirma a antropóloga Denise Machado Cardoso, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas ‘Eneida de Moraes’ sobre Mulher e Gênero, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA). O sociólogo e cientista político, Paulo Sérgio dos Santos Ribeiro, concorda com o cenário apontado pela antropóloga e vai além. Ele aponta as consequências econômicas da alta taxa de fecundidade. ‘A falta de planejamento familiar faz com o Estado acabe pagando a sobretaxa. E a função do Estado não é dar dinheiro e sim possibilitar que a família viva bem’, pontua. A população mundial atinge a marca de 7 bilhões de pessoas na segunda-feira, 31, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), que usou estimativas de demografia e selecionou a data de forma simbólica para debater o tema e discutir ideias de crescimento e sustentabilidade.
Trazendo o que diz os pesquisadores para realidade de Água Branca, vemos que a maioria das mães não estão concentradas longe do centro urbano, uma vez que moram apenas em uma área periférica, onde se concentra um maior índice de pobreza.
Dentre as causas da alta taxa de fecundidade o jornalista cita alguns quesitos como:
1ª A falta de políticas públicas de controle de natalidade, que é a principal ferramenta que o município tem para controlar o crescimento de sua população sem fazer com que se concentre em poucas áreas, como as regiões centrais da cidade. Isso ocorre devido à má distribuição de renda.Pessoas que vivem em regiões pobres almejam melhores oportunidades e por isso, migram para mais próximo da cidade. Dessa forma, ocorre um desequilíbrio no crescimento populacional, que acaba se concentrando em poucas áreas de um município.
2ª – A má distribuição de renda – e consequentemente o não acesso de parte da população às tecnologias de informação – também faz com que campanhas de natalidade e disseminação de informações acerca do assunto fique relativamente difícil do município.
3ª Outro fator importante é a questão cultural. Em Água Branca não existe a cultura de educação familiar nas entidades de ensino local.
É bom considerar:
Taxa de fecundidade: corresponde à média de filhos por mulher na idade de reprodução. Essa idade se inicia aos 15 anos, o que faz com que em países como o Brasil, onde é comum meninas abaixo dessa idade ter filhos, ela possa ficar um pouco distorcida.
Na década de 70 a taxa de fecundidade no Brasil era de 5,8 filhos por mulher, em 1999 esse número caiu para 2,3. Isso reflete a mudança que vem ocorrendo no Brasil em especial com a urbanização e com a entrada da mulher no mercado de trabalho, que tem contribuído com a redução significativa da taxa de natalidade e por consequência da taxa de fecundidade.
Para o jornalista esta é uma notícia que merece ampla reflexão. “Estamos diante da preocupante equação social envolvendo alta taxa de natalidade em nossa cidade que não é tão rica como todos pensam, aqui ainda existe muita pobreza, é uma cidade que esta em desenvolvimento, não se tem no município politicas sociais que proporcionem maior longevidade, produção de alimentos para todos e qualidade de vida. Como resolver esta equação social e manter o desenvolvimento de Água Branca?” questionou Misael Lima.
De acordo com ele, a resposta está no planejamento familiar. “Planejar o nascimento de alguém é pensar num planeta com mais oportunidades para todos e com a garantia assegurada das necessidades básicas dos cidadãos. Planejar a família não é impedir o nascimento de alguém. Muito pelo contrário. Significa proporcionar um futuro melhor para os que vão nascer e para quem já nasceu”, explicou o jornalista Misael Lima.
Misael Lima ressaltou ainda que em cidades desenvolvidas, a taxa de nascimento vem caindo a cada ano e a população idosa tem aumentado. A expectativa de vida, em média, chega aos 68 anos. Em 1950, era de 48 anos.
“O Brasil, infelizmente, não se preocupa como deveria com os idosos e não planeja o aumento da sua população. Está na hora de pensarmos nisto de forma mais intensa e realizar o que é necessário, a começar por Água Branca, que é referencia, sendo considerado, o eixo econômico do Médio Parnaíba”, afirmou o jornalista, conclamando as autoridades e sociedade aguabranquense para um debate mais profundo sobre o assunto.
Assina: Misael Lima
Diretor do Mpiaui