Você sabia que não existe voto útil, só eleitor mal informado

Existem vários temas falados pelas pessoas sobre as eleições em si – sem entrar no mérito dos candidatos – que são mais desinformações do que informações. Vou aqui fazer a minha parte para ajudar nisso. Sei que a quantidade de leitores do MPIAUI é suficiente para se formar uma grande opinião, mostrando isso a pelo menos um grupo de pessoas que poderá repassar essa informação, sentirei-me satisfeito.

Uma das questões que mais me incomoda quando ouço pessoas falarem sobre eleições é a tal questão do “voto útil”, ou seja, o voto da pessoa tem que valer pra alguma coisa, por isso ela vota em quem tem mais chances de ganhar. Temos aqui dois problemas sérios: o primeiro deles é que a escolha acaba ficando desproporcional à vontade da população e caímos no risco de escolhermos diretamente um candidato que não queremos.

Uma coisa que ouvimos muito é “eu não voto Vale votar só em quem vai ganhar?em candidato X porque sei que não vai ganhar. Por isso vou votar no candidato Y que tem mais chances de derrotar o candidato Z, que não quero que ganhe.” Uma coisa que já digo de cara: esse pensamento é errado e é errado porque nosso sistema eleitoral é de DOIS turnos, não de um. Em outras palavras, não preciso votar em quem tem mais chances de ganhar ou de derrotar o oponente, pois se não houver maioria absoluta (50% +1 dos votos válidos), a eleição vai para o segundo turno, onde os dois mais votados concorrem pela maioria dos votos válidos.

Então, se quero votar no candidato X, que tem pouca intenção de votos nas pesquisas, eu posso e devo votar nele. Não preciso votar em candidato Y, só porque ele tem mais chances de derrotar o candidato Z que você não quer de jeito nenhum que vença porque o candidato Z só irá vencer se ele tiver maioria dos votos. Para que isso não aconteça, basta não votar nele ou não votar em branco ou nulo! Assim, as eleições irão para o segundo turno e as chances de seu candidato concorrer lá aumentam.

Nas pesquisas eleitorais eles só perguntam em quem você irá votar nas próximas eleições. Isso leva a um pensamento do eleitor que é: “Não vou votar em quem eu quero pois ele não tem chances de vencer. Então vou votar em quem acho que tem mais chances, para o meu voto servir para alguma coisa.” Eu não tenho os dados, mas tenho CERTEZA que se, junto a essa pergunta fosse feita outra, como: “Independente de quem você acha que irá ganhar ou que tem mais chances de vencer, se dependesse unicamente de você, quem você gostaria que fosse o próximo candidato eleito?”, a gente veria uma enorme discrepância entre o voto de fato e a intenção real do voto. Garanto até que essa discrepância seria tanta a talvez até mudar o resultado das eleições para um rumo completamente diferente. Quem sabe, se as pessoas realmente votassem nos candidatos que querem, não nos que acham que vão ganhar, as eleições seriam muito mais verdadeiras e e demonstrassem as reais intenções da população.

É preciso conhecer nosso sistema eleitoral.Mais isso só é válido para as eleições que tem segundo turno, ou seja, para os cargos de presidente, governador e prefeito. Os cargos do senado são eleitos em um único turno, então nesse caso vale o “voto útil”. E os cargos para deputado federal, deputado estadual e vereador são votos por legenda, e o que vale mais é a ideologia do partido. Mas isso é uma outra história…

Sei que o sistema eleitoral brasileiro não é perfeito – por começar com a obrigatoriedade do voto – mas é o sistema que temos. Se não participamos dele, não temos nenhum direito de reclamar das coisas que acontecem no governo. E sem poder reclamar, eles podem fazer o que quiserem e nós ficamos a esmo, jogados no canto, sem praticar cidadania e sem usufruir dos nossos direitos. Vale a pena conhecer os nossos direitos e exigi-los, como é o caso da eleição. No final, somos nós que colocamos os políticos no poder, seja por escolha ou omissão. Então, escolha bem agora no dia 7 de outubro!

(*) Texto de Pablo de Assis com adaptações ao MPIAUI