Polícia Federal revela dados alarmantes sobre o número de roubos e assaltos nas Agências dos Correios do Piauí. Segundo dados apresentados pelo superintendente da Polícia Federal no Estado, Nivaldo Farias, de 2010 a outubro deste ano, o registro de ocorrências aumentou em 339%.
A assessoria do sindicato dos trabalhadores dos Correios do Piauí (SINTECT-PI) já havia elaborado um relatório sobre os assaltos nas agências com base nas notícias veiculadas pela imprensa, tendo em vista que a ECT não divulga esses números. Porém não se imaginava que a imprecisão dos dados desse relatório ficaria tão distante da realidade.
Já havia sido registrado até então 51 ocorrências neste ano. Se esse número já era considerado alto, tendo em vista que em 2010 foram 33 e em 2011 foram 46 ocorrências, os números de 2012 divulgados pela PF são assustadores. O ano nem acabou e já foram registrados 112 casos de crimes cometidos contra as agências da estatal.
O sindicato dos Correios destaca que além da necessidade de investir em uma medida urgente de segurança nas agências dos Correios, é preciso que a Polícia Federal inicie uma séria investigação em torno desses casos. O que explica a ECT permitir que as agências continuem em situação de alta vulnerabilidade, se a empresa tem dinheiro suficiente para investir em um sistema de segurança arrojado? O que está por de trás desses assaltos que a direção dos Correios e o Governo Federal preferem descumprir uma decisão judicial, pagar multas absurdas e submeter a vida dos trabalhadores e clientes a situações de extremo risco?
O que explica essa barbaridade? Foi a violência no país que aumentou ou foi o descaso? E esse descaso acontece por que a empresa é pública e no público tudo funciona assim ou esse descaso é proposital para convencer o imaginário popular de que a privatização é a solução para todos os problemas? Por que antes a situação não era tão alarmante, mesmo a empresa sendo 100% pública? Por que o número do registro de ocorrências tem aumentado, conforme o governo avança com a privatização da estatal? Quem são as pessoas envolvidas na maioria desses crimes? Seriam apenas grupos de bandidos aleatórios ou mais um grande esquema mafioso envolvendo a Empresa de Correios e Telégrafos?
São muitas perguntas, poucas respostas e, por enquanto, nenhuma solução. Se a Polícia Federal aplaude o Ministério Público do Trabalho e a decisão da justiça que exige mais segurança nas agências dos Correios, então agora está na hora de iniciar uma investigação mais ampla em torno dessas ocorrências, que não é uma peculiaridade apenas do Piauí, mas é uma realidade que os trabalhadores dos Correios em todo o país enfrentam.