Mais de cinco milhões de brasileiras não têm o hábito de ir ao ginecologista regularmente e outros quatro milhões nunca passaram, na vida, por um atendimento com esse profissional. Os dados são de uma pesquisa da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) em conjunto com o Datafolha. O estudo revela, ainda, que 16,2 milhões de mulheres não passam por consulta há mais de um ano.
Medo, vergonha e desinformação estão entre os fatores que fazem com que diversas mulheres terminem adiando a ida ao ginecologista. O problema é que esse especialista é imprescindível na prevenção e controle de doenças e infecções sexualmente transmissíveis, algumas das quais podem ser graves.
É na consulta com o ginecologista que é feito, por exemplo, o papanicolau. Também conhecido como preventivo, o procedimento ginecológico é importante e crucial na detecção de alterações no colo do útero. “É um procedimento que avalia a existência de lesões malignas ou benignas no colo do útero e é essencial para a detecção precoce dessas alterações”, explica a ginecologista da Hapvida, Acelisângela Vieira.
O papanicolau pode ser feito em qualquer idade, desde que a mulher já tenha vida sexual ativa e não esteja no período menstrua. “É um exame anual. Após três anos seguidos em que os resultados não apresentem anormalidades, ele pode ser agendado para ser feito a cada dois anos”, orienta a especialista. “As pacientes, muitas vezes, sentem incômodo ou constrangimento em precisar se despir na frente de outra pessoa. Mas, fora as questões emocionais e psicológicas, não causa dor, apenas um leve desconforto e que dura só alguns segundos”, esclarece Vieira.
Para a ginecologista, mudar o estigma do exame é essencial por meio da educação sexual. “É necessário que a paciente seja orientada, entenda a importância de conhecer o próprio corpo e saiba quais são exames regulares necessários e como eles funcionam”, defende. No caso de o resultado do papanicolau mostrar alterações, o profissional pode prosseguir com a investigação diagnóstica, através de colposcopia, biópsia, ou captura híbrida, a depender do resultado.
Vieira explica ainda a importância da vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano) como fator preventivo para a doença e o risco aumentado que a patologia representa para o câncer de colo de útero. A infecção pelo HPV (papiloma vírus humano), por exemplo, atinge 54,4% das mulheres que já iniciaram a vida sexual e 41,6% dos homens, segundo dados do Ministério da Saúde.
“A vacina ajuda bastante porque reduz o risco de lesões malignas em pacientes que já possuem o HPV. Em pacientes que não possuem, a evitará a contaminação. Então, ela possui grande impacto sobre a incidência e sobre o prognóstico, que é a evolução desse vírus nas pacientes”, finaliza a ginecologista da Hapvida.