Em Água Branca o Sexo na Adolescência é algo normal?

Em Água Branca assim como em várias cidades do Brasil, fala sobre relacionamento entre adolescentes é um tema um tanto quanto complexo.

Os adolescentes estão descobrindo a sexualidade e os limites do próprio corpo, cada vez mais cedo. Eles precisam falar e discutir sobre sexo, mas sentem-se inseguros e sem ter com quem dividir um assunto tão importante.

Todos sabem que o período de Adolescência compreende entre 10 e 20 anos, é uma fase um tanto quanto difícil de lidar com as descobertas sobre o próprio corpo. É nesse tempo que ocorrem transformações físicas e emocionais importantes, preparando a criança para assumir um novo papel perante a família e a sociedade. A criança desenvolve-se, amadurece e fica apta para usufruir sua sexualidade, firmando sua identidade sexual e buscando um par, já com a possibilidade de gerar filhos.

Desde bebês, sentimos prazer em tocar o próprio corpo e descobrir as diferentes sensações que ele nos proporciona. Fingir que as crianças não passam por esse processo é negar a realidade. O sexo é parte da vida das pessoas e é por essa razão que a escola e a família devem ajudar a construir nos pequenos uma visão sem mitos nem preconceitos.

A masturbação faz parte da vida das pessoas desde a infância e, na adolescência, se intensifica com a redescoberta de sensações, tanto individualmente quanto em dupla ou em grupo.  “Esse é um tema que envolve sentimentos e desejos e, portanto, não pode ser abordado só com explicações sobre o funcionamento do aparelho reprodutor e palestras médicas. A orientação sexual deve ser feita com afeto”, afirma Antônio Carlos Egypto, psicólogo e coordenador do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual (GTPOS), em São Paulo.

Quando a criança chega à adolescência, os pais cobram muito a sua postura, o seu comportamento, mas se esquecem de que não falaram sobre as transformações que estão acontecendo com seu corpo. A falta de informação aos adolescentes faz com que eles criem expectativas e queiram fazer descobertas com pessoas desinformadas.

 Os pais ficam inibidos e constrangidos em falar sobre sexo com os filhos. Se a família não se sente a vontade para falar sobre sexo, é mais do que natural que procure ajuda com um profissional na escola ou mesmo em um consultório. O importante é deixar claro para a adolescente as transformações que estão ocorrendo com o seu corpo e como ela deve se cuidar para não engravidar na hora errada. As doenças sexualmente transmitidas e as formas de contágios também são assuntos que devem ser abordados  com frequência para não deixar nossa juventude desinformada. Daí como cobrar se não fomos capazes de informar?

A fase onde há modificações no corpo chama-se de Puberdade. Ocorre à primeira menstruação nas meninas (menarca), as poluções masculinas (ejaculações espontâneas sem coito), o crescimento de pelos no corpo, a mudança de voz nos rapazes, o amadurecimento da genitália, com aumento do tamanho do pênis e dos seios, entre outros.

Mas nem sempre esta fase vem acompanhada das transformações emocionais e sociais que são o marco da adolescência. Dependendo da cultura de cada povo, a adolescência pode chegar mais tarde, independente da criança estar já bem desenvolvida fisicamente. É o caso dos países ocidentais, como os Estados Unidos e a Inglaterra ou França. O processo de educação continuada e a grande soma de informações, por exemplo, acabam por retardar a necessidade, por parte dos jovens, da busca de uma vida separada de seus pais. Muitos ainda moram com a família depois dos 20 anos. Já em sociedades mais simples, como em algumas regiões do Brasil, da África ou da Ásia, a necessidade de força braçal, desde muito cedo, antecipa a entrada da criança na adolescência e nas responsabilidades que lhe são devidas.

Os jovens podem apresentar algum tipo de atividade homossexual nessa fase, como exposição dos genitais, masturbação recíproca e comparação dos seios e dos genitais em grupo (comparação do tamanho do pênis, por exemplo), atividades estas consideradas absolutamente normais. A fortificação dessas condutas, com o abuso sexual por parte de um adulto de mesmo sexo ou com alta ansiedade perante o sexo oposto, pode desenvolver uma orientação homossexual definitiva nos jovens.

A jovem adolescente amadurece em média dois anos antes do rapaz. Busca fortificar sua feminilidade, prorrogar os encontros sexuais e selecionar um parceiro adequado para poder ter sua primeira relação sexual, o que ocorre de forma gradativa. Vai experimentando seus limites progressivamente. Os rapazes buscam encontros sexuais com mais ansiedade, geralmente, persuadindo as garotas ao sexo com eles. Em nosso meio, há uma tendência do jovem em experimentar sensações sexuais com outros de sua idade, sem necessariamente buscar uma relação sexual propriamente dita. O termo que se usa atualmente é “ficar”.

A perda da virgindade ainda é um marco importante para os jovens. É um rito de iniciação sexual, que pode ser vivenciado com orgulho ou com culpa excessiva, de acordo com a educação e tradição da família. Inicialmente, os jovens buscam apenas envolvimento sexual, testando suas novas capacidades e reações frente a sensações antes desconhecidas. É a redescoberta do corpo. Só depois procuram o envolvimento afetivo complementar passando a conviver não apenas em bandos, mas também aos pares.

A primeira relação sexual ocorre cada vez mais cedo entre os jovens de Água Branca e outras cidades do Brasil a fora. Segundo pesquisas, geralmente, essas experimentações acontecem entre os próprios adolescentes e muitos aderem para não ficar com fama de criancinha, em busca da aprovação do grupo. As pesquisas mostram ainda que, no primeiro relacionamento duradouro, a garotada passa das carícias para a relação sexual com penetração em no máximo sete meses. A partir daí, inclui de tudo em suas práticas – sexo vaginal, oral, anal, masturbação mútua.

Em tempos da super informação, com a internet, a globalização, a pouca censura nos meios de comunicação de massa, há um apelo sexual frequente e precoce, expondo os jovens a situações ainda não bem compreendidas por eles. Os adolescentes falam como adultos, querem se portar como tal e ter os privilégios da maturidade. No entanto, falta-lhes a experiência, a responsabilidade e o significado real de um envolvimento sexual. A gravidez de risco na adolescência, infelizmente, é um dos resultados desastrosos desta situação atual. A pouca informação qualificada e o precário respeito dos adultos perante as necessidades dos jovens são os verdadeiros responsáveis pelo falso e ilusório desenvolvimento do adolescente de hoje.

A orientação sexual na adolescência ganha cada vez mais importância. Mais do que transmitir que sexo por sexo é fuga e sexo com consciência é amor, discutir as formas de relacionamento entre adolescentes é também uma das grandes preocupações da sociedade. Causa estranheza observar o descaso e o desrespeito com que o assunto ainda é tratado. Nem é preciso ser um especialista para perceber a discrepância das atitudes.

Uma médica pediatra de Fortaleza confidenciou recentemente que meninas pré-adolescentes são incentivadas pelos próprios parentes a engravidar, a fim de receber a verba do Programa Bolsa-Família. Em Porto Alegre (RS), uma parceria entre a prefeitura e a ONG Instituto da Mulher Consciente inicia um programa de implante de anticoncepcionais para prevenção de gravidez prematura em 2.500 adolescentes (entre 15 e 18 anos). Obviamente, meninas mais humildes serão o foco do projeto, dado sua condição econômica e vulnerabilidade social.

Atitudes desse gênero suscitam o questionamento: será que essas iniciativas assistenciais irão ajudar de alguma forma a baixar o alto índice de gravidez precoce? Ou, ao contrário, acabam incentivando ainda mais a prática sexual entre adolescentes?

A sociedade vem se preocupando em proporcionar segurança e liberdade sexual para os adolescentes, mas não consegue orientar adequadamente os representantes do futuro da nação sobre o assunto. Isso sem contar a forma com que o tema é tratado na mídia, principalmente em novelas, filmes nacionais e em programas de auditório.

Por que as autoridades não promovem mais ações éticas e humanas para os adolescentes, especialmente os mais pobres. Devemos repudiar qualquer possibilidade de que sejam tratados como meros animais de reprodução, que podem fazer sexo à vontade e sem perigo.

Veja o caso de Porto Alegre, o anticoncepcional que será aplicado nas adolescentes evita a gravidez por três anos. O implante ocorre com o uso de anestesia local sob a pele do braço. Durante o tempo previsto, o bastonete vai liberar hormônio diariamente na corrente sangüínea, a fim de inibir a ovulação. Que consequências esse medicamento trará para a saúde das meninas.

Especialistas da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul já alertaram para um possível relaxamento no uso de preservativos por parte das adolescentes que participam do programa. Sem contar que, associada à distribuição gratuita dos preservativos e da abortiva “pílula do dia seguinte”, a liberdade de atos sexuais entre adolescentes torna-se cada vez mais normal, na visão deles, como um incentivo à promiscuidade.

O ser humano não deve ser considerado apenas como um corpo. Sua alma necessita de afago. A simples promoção de sexo acintoso, sem responsabilidade e sem compromisso, também incita consequências trágicas como milhões de meninas gerando filhos, sendo violentadas, prostituindo-se à beira das estradas, crianças abandonadas por pais e mães despreparados para formar uma família e postadas em faróis à procura do sustento de cada dia. É claro, quem planta vento, colhe tempestades.

A moral e a ética exigem que ensinemos aos jovens o autocontrole de suas paixões intensas. Que devem vencer a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis com atos responsáveis, e não pelo uso da camisinha. João Paulo II assim se expressou sobre a camisinha: “Além de o uso de preservativos não ser 100% seguro, liberar o seu uso convida a um comportamento sexual incompatível com a dignidade humana… O uso da chamada camisinha acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo… O preservativo oferece uma falsa ideia de segurança e não preserva o fundamental”.

Devemos incentivar a formação de famílias com conceitos, raízes e sentimentos puros e morais. Conservadora ou não, a família é o sustento do espírito e a fonte de conforto nos anseios individuais. A sociedade, de uma maneira geral, deve ter mais cuidado com o que simplesmente “controla a transmissão de doenças e evita filhos indesejados”. Ela deve transmitir princípios e valores através da orientação, em busca do resgate das origens e do respeito a moral e a ética. A satisfação do sexo não está restrita ao corpo, ela deve estar atrelada ao coração, espírito e mente.

Se você está se perguntando onde tudo isso acontece, saiba que, em metade dos casos, é na casa de um dos dois, com consentimento aberto ou velado dos pais. Os outros 50% ocorrem em viagens e passeios em grupos, festas na casa dos amigos, banheiros de raves e casas noturnas. E, para quem não sabe, “ficar” agora é também chamado de “beijar” e pode ou não incluir relação sexual. A cada ano, cerca de 4 milhões de adolescentes tornam-se sexualmente ativos no Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde. “E a ocorrência de gravidez tem aumentado entre as meninas mais novas”, afirma a psicóloga e educadora sexual Márcia Maria Cruz Campos, diretora da ONG Instituto Aliança com o Adolescente, em Salvador.

Uma educação sexual adequada reduz os índices de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na  adolescência,  como comprova pesquisa da Unesco realizada em 420 escolas de Ensino Fundamental e Médio de 14 cidades brasileiras. E mais: informar-se sobre sexo seguro e práticas sexuais são um dos primeiros passos para garantir também uma vida mais feliz. 

É um mito acreditar que, ao falar sobre sexo, estamos estimulando o aluno a iniciar-se na prática. Pesquisas comprovam que o jovem que recebe educação sexual na escola costuma adiar sua primeira vez ou, pelo menos, fazê-la de forma mais consciente e responsável.

“Educar é transmitir conhecimentos, para que no futuro, nossos adolescentes tomem as decisões na hora certa, sabendo o que estão fazendo e sem medo de errar. Educar é um ato de amor.” Edna Paixão.

(*) Artigo fundamentado em informações dos sites Bem paraná, e-familynet, artigonal, abcdasaude e claudia.abril.